Evangelho do dia – domingo, 24 de março de 2024 – Marcos 15,1-39 – Bíblia Católica

Primeira Leitura (Is 50,4-7)

Leitura do livro do Profeta Isaías:

O Senhor Deus deu-me língua adestrada, para que eu saiba dizer palavras de conforto à pessoa abatida; ele me desperta cada manhã e me excita o ouvido, para prestar atenção como um discípulo. O Senhor abriu-me os ouvidos; não lhe resisti nem voltei atrás.

Ofereci as costas para me baterem e as faces para me arrancarem a barba; não desviei o rosto de bofetões e cusparadas. Mas o Senhor Deus é meu Auxiliador, por isso não me deixei abater o ânimo, conservei o rosto impassível como pedra, porque sei que não sairei humilhado.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

Segunda Leitura (Fl 2,6-11)

Leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses:

Jesus Cristo, existindo em condição divina, não fez do ser igual a Deus uma usurpação, mas ele esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens. Encontrado com aspecto humano, humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte, e morte de cruz.

Por isso, Deus o exaltou acima de tudo e lhe deu o Nome que está acima de todo nome. Assim, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre no céu, na terra e abaixo da terra, e toda língua proclame: “Jesus Cristo é o Senhor”, para a glória de Deus Pai.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

Anúncio do Evangelho (Mc 15,1-39 – Forma breve)

Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo São Marcos:

Logo pela manhã, os sumos sacerdotes, com os anciãos, os mestres da Lei e todo o Sinédrio, reuniram-se e tomaram uma decisão. Levaram Jesus amarrado e o entregaram a Pilatos. E Pilatos o interrogou: Tu és o rei dos judeus?”

Jesus respondeu: Tu o dizes”.

E os sumos sacerdotes faziam muitas acusações contra Jesus. Pilatos o interrogou novamente: Nada tens a responder? Vê de quanta coisa te acusam!”

Mas Jesus não respondeu mais nada, de modo que Pilatos ficou admirado. Por ocasião da Páscoa, Pilatos soltava o prisioneiro que eles pedissem. Havia então um preso, chamado Barrabás, entre os bandidos, que, numa revolta, tinha cometido um assassinato. A multidão subiu a Pilatos e começou a pedir que ele fizesse como era costume. Pilatos perguntou: Vós quereis que eu solte o rei dos judeus?”

Ele bem sabia que os sumos sacerdotes haviam entregado Jesus por inveja. Porém, os sumos sacerdotes instigaram a multidão para que Pilatos lhes soltasse Barrabás. Pilatos perguntou de novo: Que quereis então que eu faça com o rei dos judeus?”

Mas eles tornaram a gritar: Crucifica-o!”

Pilatos perguntou: Mas, que mal ele fez?”

Eles, porém, gritaram com mais força: Crucifica-o!”

Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus e o entregou para ser crucificado. Então os soldados o levaram para dentro do palácio, isto é, o pretório, e convocaram toda a tropa. Vestiram Jesus com um manto vermelho, teceram uma coroa de espinhos e a puseram em sua cabeça. E começaram a saudá-lo: Salve, rei dos judeus!”

Batiam-lhe na cabeça com uma vara. Cuspiam nele e, dobrando os joelhos, prostravam-se diante dele. Depois de zombarem de Jesus, tiraram-lhe o manto vermelho, vestiram-no de novo com suas próprias roupas e o levaram para fora, a fim de crucificá-lo.

Os soldados obrigaram um certo Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo, que voltava do campo, a carregar a cruz. Levaram Jesus para o lugar chamado Gólgota, que quer dizer Calvário”. Deram-lhe vinho misturado com mirra, mas ele não o tomou. Então o crucificaram e repartiram as suas roupas, tirando a sorte, para ver que parte caberia a cada um.

Eram nove horas da manhã quando o crucificaram. E ali estava uma inscrição com o motivo de sua condenação: O Rei dos Judeus”. Com Jesus foram crucificados dois ladrões, um à direita e outro à esquerda. Os que por ali passavam o insultavam, balançando a cabeça e dizendo: Ah! Tu, que destróis o Templo e o reconstróis em três dias, salva-te a ti mesmo, descendo da cruz!”

Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, com os mestres da Lei, zombavam entre si, dizendo: A outros salvou, a si mesmo não pode salvar! O Messias, o rei de Israel… que desça agora da cruz, para que vejamos e acreditemos!”

Os que foram crucificados com ele também o insultavam. Quando chegou o meio-dia, houve escuridão sobre toda a terra, até as três horas da tarde. Pelas três da tarde, Jesus gritou com voz forte: Eloi, Eloi, lamá sabactâni?”

Que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”

Alguns dos que estavam ali perto, ouvindo-o, disseram: Vejam, ele está chamando Elias!”

Alguém correu e embebeu uma esponja em vinagre, colocou-a na ponta de uma vara e lhe deu de beber, dizendo: Deixai! Vamos ver se Elias vem tirá-lo da cruz”.

Então Jesus deu um forte grito e expirou. Nesse momento, a cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes. Quando o oficial do exército, que estava bem em frente dele, viu como Jesus havia expirado, disse: Na verdade, este homem era Filho de Deus!”

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

Refletindo a Palavra de Deus

Meus irmãos e irmãs, que a paz de nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos vocês. Hoje,somos chamados a refletir sobre as passagens bíblicas que nos foram apresentadas: a primeira leitura do Livro de Isaías, a segunda leitura da Carta de São Paulo aos Filipenses e o relato do Evangelho segundo Marcos. Essas escrituras sagradas nos conduzem a uma profunda meditação sobre o amor sacrificial de Cristo e o chamado à humildade e ao serviço.

Ao olhar para a nossa própria vida, muitas vezes nos deparamos com desafios e dificuldades que nos fazem questionar nossa capacidade de seguir em frente. O mundo ao nosso redor pode ser um lugar de conflito, onde o poder e a busca pelo sucesso pessoal são valorizados acima de tudo. No entanto, é nesse contexto que somos chamados a refletir sobre as palavras do profeta Isaías.

Isaías nos fala de um servo sofredor, alguém que é obediente ao chamado de Deus, mesmo em meio à adversidade. Esse servo não resiste ao sofrimento, mas coloca sua confiança no Senhor, sabendo que Deus é seu auxílio e sustento. Essas palavras nos convidam a contemplar o exemplo desse servo e a considerar em nossas próprias vidas como podemos seguir seu exemplo de confiança e entrega a Deus.

Enquanto refletimos sobre o servo sofredor, somos levados à segunda leitura, onde São Paulo nos fala sobre a humildade e o amor de Cristo. Ele nos diz que Jesus, embora sendo de natureza divina, não considerou sua igualdade com Deus como algo a ser retido, mas se esvaziou, assumindo a forma de servo e se tornando obediente até a morte.

Essas palavras nos desafiam a repensar nossa compreensão de poder e sucesso. Jesus, o Filho de Deus, escolheu a humildade e o serviço como o caminho para manifestar o amor do Pai. Ele nos convida a fazer o mesmo, a abrir mão de nossas ambições egoístas e buscar a grandeza no serviço aos outros.

Essa mensagem de humildade e serviço é exemplificada de forma marcante no Evangelho de Marcos. O relato nos apresenta a paixão e morte de Jesus, um evento que é central para nossa fé cristã. Através da leitura dessas palavras, somos convidados a contemplar o sacrifício de Jesus por amor a nós.

Imaginem a cena: Jesus, o Filho de Deus, é levado perante Pilatos, onde é condenado injustamente. Ele é desprezado, cuspido, açoitado e coroado de espinhos. Ele carrega a cruz em meio à multidão, enquanto o peso do mundo recai sobre seus ombros. Ele é pregado na cruz e, mesmo em meio à agonia, Ele oferece palavras de perdão e misericórdia.

Essa é a imagem do amor sacrificial. Jesus entrega sua vida por nós, mesmo quando somos infiéis e pecadores. Ele suporta o sofrimento em nosso lugar, para que possamos ser reconciliados com Deus e encontrar a salvação. Essa é a maior demonstração de amor que já existiu, e é um chamado para cada um de nós.

Às vezes, pode ser difícil compreender o significado da cruz em nossas vidas. Podemos nos sentir sobrecarregados por nossos próprios fardos e lutas diárias. No entanto, a cruz nos lembra que não estamos sozinhos, que Deus está conosco em nossos sofrimentos e nos oferece a esperança da vida eterna.

Queridos fiéis, à medida que nos aproximamos da Semana Santa, somos convidados a contemplar o amor sacrificial de Cristo e a resposta que essa oferta exige de nós. Somos chamados a seguir o exemplo de humildade e serviço de Jesus, a abrir mão de nossos próprios interesses em favor dos outros.

Isso pode se manifestar de muitas maneiras. Podemos oferecer um ombro amigo para aqueles que estão passando por dificuldades, compartilhar nossos recursos com os necessitados, ou perdoar aqueles que nos magoaram. Podemos buscar a justiça e a paz em nossas comunidades enos engajar ativamente na construção de um mundo melhor.

Mas não podemos parar por aí. Devemos lembrar que a humildade e o serviço não são apenas ações externas, mas também uma atitude do coração. Devemos examinar nossos próprios corações e nos questionar: estamos dispostos a nos esvaziar de nossos próprios desejos egoístas? Estamos dispostos a colocar as necessidades dos outros acima das nossas próprias?

Ao longo de nossas vidas, enfrentaremos inúmeras oportunidades para demonstrar o amor sacrificial de Cristo. Será um desafio constante, pois somos seres humanos falíveis. Mas, com a graça de Deus e a força do Espírito Santo, podemos perseverar e crescer em santidade.

Imaginem um mundo onde cada um de nós se esforça para ser um servo humilde e amoroso. Um mundo onde o egoísmo é substituído pelo altruísmo, onde o orgulho é substituído pela humildade, onde o ódio é substituído pelo perdão. Esse é o mundo que Deus sonhou para nós, e podemos contribuir para torná-lo uma realidade.

Meus amados, à medida que concluo esta homilia, quero convidá-los a refletir sobre as palavras que foram proclamadas hoje. Examinem suas vidas e considerem onde vocês podem crescer em humildade e serviço. Peçam a Deus a graça de se esvaziarem de si mesmos e de abraçar o chamado ao amor sacrificial.

Lembrem-se de que essa jornada não é fácil, mas não estamos sozinhos. Como comunidade de fé, estamos aqui para nos apoiar e encorajar uns aos outros. Através da oração, da participação nos sacramentos e do amor mútuo, podemos nos fortalecer para viver de acordo com os ensinamentos das Escrituras.

Que a cruz de Cristo seja para nós um lembrete constante do amor sacrificial que Ele nos ofereceu. Que ela nos inspire a seguir Seu exemplo, a nos esvaziar de nós mesmos e a buscar a grandeza no serviço aos outros. Que a graça, o amor e a esperança divinos nos acompanhem em nossa jornada de fé. Amém.

Que Deus abençoe a todos vocês e lhes conceda força e coragem para viverem como verdadeiros discípulos de Cristo. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

wcp

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