Evangelho do dia – domingo, 26 de janeiro de 2025 – Lucas 1,1-4; 4,14-21 – Bíblia Católica

Primeira Leitura (Neemias 8,2-4a.5-6.8-10).

Leitura do Livro de Neemias.

Naqueles dias, o sacerdote Esdras apresentou a Lei diante da assembleia de homens, de mulheres e de todos os que eram capazes de compreender. Era o primeiro dia do sétimo mês. Assim, na praça que fica defronte da porta das Águas, Esdras fez a leitura do livro, desde o amanhecer até ao meio-dia, na presença dos homens, das mulheres e de todos os que eram capazes de compreender. E todo o povo escutava com atenção a leitura do livro da Lei. 4a Esdras, o escriba, estava de pé sobre um estrado de madeira, erguido para esse fim. Estando num lugar mais alto, ele abriu o livro à vista de todo o povo. E, quando o abriu, todo o povo ficou de pé. Esdras bendisse o Senhor, o grande Deus, e todo o povo respondeu, levantando as mãos: “Amém! Amém!” Depois inclinaram-se e prostraram-se diante do Senhor, com o rosto em terra. E leram clara e distintamente o livro da Lei de Deus e explicaram seu sentido, de maneira que se pudesse compreender a leitura. O governador Neemias e Esdras, sacerdote e escriba, e os levitas que instruíam o povo, disseram a todos: “Este é um dia consagrado ao senhor, vosso Deus! Não fiqueis tristes nem choreis”, pois todo o povo chorava ao ouvir as palavras da Lei. E Neemias disse-lhes: “Ide para vossas casas e comei carnes gordas, tomai bebidas doces e reparti com aqueles que nada prepararam, pois este dia é santo para o nosso Senhor. Não fiqueis tristes, porque a alegria do Senhor será a vossa força”.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.



Segunda Leitura (1Cor 12,12-30).

Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.

Irmãos: Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo. De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito. Com efeito, o corpo não é feito de um membro apenas, mas de muitos membros. Se o pé disser: “Eu não sou mão, portanto não pertenço ao corpo”, nem por isso deixa de pertencer ao corpo. E se o ouvido disser: “Eu não sou olho, portanto não pertenço ao corpo”, nem por isso deixa de pertencer ao corpo. Se o corpo todo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se o corpo todo fosse ouvido, onde estaria o olfato? De fato, Deus dispôs os membros e cada um deles no corpo, como quis. Se houvesse apenas um membro, onde estaria o corpo? Há muitos membros, e, no entanto, um só corpo. O olho não pode, pois, dizer à mão: “Não preciso de ti”. Nem a cabeça pode dizer aos pés: “Não preciso de vós”. Antes pelo contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são muito mais necessários do que se pensa. Também os membros que consideramos menos honrosos, a estes nós cercamos com mais honra, e os que temos por menos decentes, nós os tratamos com mais decência. Os que nós consideramos decentes não precisam de cuidado especial. Mas Deus, quando formou o corpo, deu maior atenção e cuidado ao que nele é tido como menos honroso, para que não haja divisão no corpo e, assim, os membros zelem igualmente uns pelos outros. Se um membro sofre, todos os membros sofrem com ele; se é honrado, todos os membros se regozijam com ele. Vós, todos juntos, sois o corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo. E, na Igreja, Deus colocou, em primeiro lugar, os apóstolos; em segundo lugar, os profetas; em terceiro lugar, os que têm o dom e a missão de ensinar; depois, outras pessoas com dons diversos, a saber: dom de milagres, dom de curas, dom para obras de misericórdia, dom de governo e direção, dom de línguas. Acaso todos são apóstolos? Todos são profetas? Todos ensinam? Todos realizam milagres? Todos têm o dom das curas? Todos falam em línguas? Todos as interpretam?

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

Evangelho (Lucas 1,1-4;4,14-21).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas.

— Glória a vós, Senhor.

Muitas pessoas já tentaram escrever a história dos acontecimentos que se realizaram entre nós, como nos foram transmitidos por aqueles que, desde o princípio, foram testemunhas oculares e ministros da palavra. Assim sendo, após fazer um estudo cuidadoso de tudo o que aconteceu desde o princípio, também eu decidi escrever de modo ordenado para ti, excelentíssimo Teófilo. Deste modo, poderás verificar a solidez dos ensinamentos que recebeste. Naquele tempo, 4,Jesus voltou para a Galileia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a redondeza. Ele ensinava nas suas sinagogas e todos o elogiavam. E veio à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado, e levantou-se para fazer a leitura. Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”. Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante, e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Então começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.



Refletindo a Palavra de Deus

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, é com grande alegria que nos reunimos hoje para refletir sobre as leituras que a Igreja nos oferece neste domingo. São leituras que nos convidam a mergulhar mais profundamente em nossa vocação cristã, a refletir sobre o papel da Palavra de Deus em nossas vidas e a entender como cada um de nós, como membros do Corpo de Cristo, é essencial para a construção do Reino de Deus. Hoje, mais do que nunca, somos chamados a perceber a força e o propósito que Deus nos deu.

Neemias traz-nos um momento poderoso da história do povo de Israel. O povo de Deus, após um longo período de exílio, retorna à sua terra e, pela primeira vez em muitos anos, tem a oportunidade de ouvir a Palavra de Deus sendo lida publicamente. Esdras, o escriba, se levanta e lê a Lei de Moisés para toda a assembleia, e o povo, tocado profundamente, se emociona, se prostra e se arrepende. Este momento não é apenas uma lembrança do passado, mas um convite para nós hoje: qual é a nossa relação com a Palavra de Deus? Quando ouvimos as Escrituras, somos tocados em nosso coração da mesma forma? Somos capazes de nos prostrar diante da beleza e da verdade que elas nos oferecem?

A reação do povo diante da leitura de Neemias é uma reação de profunda reverência e transformação. A Palavra de Deus não é algo frio e distante, mas algo que toca nosso coração, nos move e nos transforma. Assim como o povo de Israel, somos convidados a abrir nossos ouvidos e corações para o que Deus quer nos dizer. Quando a Palavra é proclamada, ela não é apenas uma leitura de um texto, mas um momento de encontro com o próprio Deus, que fala diretamente aos nossos corações.

Jesus, como vemos no Evangelho de Lucas, assume a missão de levar a Boa Nova, e é na sinagoga de Nazaré, em um ato de coragem e revelação, que Ele nos apresenta seu ministério. Ele começa a proclamar a Palavra com um propósito claro: libertar os cativos, restaurar a visão aos cegos, trazer a liberdade aos oprimidos e anunciar o ano da graça do Senhor. Esse é o coração do Evangelho. Mas, para que isso se realize, é necessário que a Palavra de Deus seja ouvida e acolhida com fé e ação.

Jesus, ao abrir o livro do profeta Isaías e proclamar essa profecia, está dizendo algo muito profundo: Ele é o cumprimento dessa promessa. Ele é o Messias que vem para realizar a obra de salvação, e Ele convida cada um de nós a fazer parte disso. O Evangelho nos chama não apenas a ouvir, mas a responder à missão de Cristo em nossa própria vida. A Palavra que Jesus proclama deve ressoar em nós de maneira viva e vibrante, inspirando-nos a ser agentes da transformação que Ele veio trazer ao mundo.

Mas, como vemos também na Segunda Leitura, o Corpo de Cristo é composto por muitos membros, cada um com um papel essencial, mas todos unidos em um só corpo. São Paulo nos ensina que a diversidade não é um obstáculo, mas uma riqueza. Cada um de nós tem uma missão única, mas todos, juntos, formamos o Corpo de Cristo. Assim como o corpo humano é composto por diferentes membros, mas todos necessários para o bom funcionamento, da mesma forma, cada um de nós, com nossos dons e habilidades, tem uma função específica na missão da Igreja. Nenhum membro é insignificante ou desnecessário. Todos somos chamados a contribuir para o bem comum do Corpo de Cristo, e todos somos fundamentais para o cumprimento da missão de Jesus no mundo.

Muitas vezes, podemos nos sentir inadequados ou questionar qual é o nosso papel na Igreja. Às vezes, podemos pensar que nossas pequenas ações não fazem diferença, mas São Paulo nos lembra que cada gesto de amor, cada ato de serviço, cada palavra de encorajamento é parte da obra grandiosa que Deus está realizando através de nós. Você, sim, você, é parte vital dessa missão. Cada um de nós tem uma vocação única, e todos juntos, como membros do Corpo, trabalhamos para a edificação do Reino de Deus.

Agora, queridos irmãos e irmãs, ao refletirmos sobre essas leituras, devemos nos perguntar: como podemos viver essa missão na prática? Como podemos ser discípulos verdadeiros, que ouvem a Palavra de Deus e a colocam em ação?

Primeiro, somos chamados a nos aprofundar na Palavra de Deus. Não devemos tratá-la como algo distante ou irrelevante, mas como algo vivo que transforma nossas vidas. Quando ouvimos as Escrituras, devemos nos perguntar: o que Deus quer me dizer hoje? Como posso aplicar essa palavra em minha vida? E mais importante ainda: como posso viver essa Palavra em meu dia a dia?

Em segundo lugar, devemos reconhecer o nosso papel único dentro do Corpo de Cristo. O que Deus nos deu para servir aos outros? Quais são os dons que Ele nos confiou? Talvez o seu dom seja a paciência, talvez seja o serviço, talvez seja a capacidade de ensinar ou de cuidar. Independentemente do que seja, você tem um papel importante. Ninguém é pequeno demais ou insignificante demais para contribuir com a missão de Cristo. Somos todos importantes para a construção do Reino de Deus.

E, por fim, como Igreja, somos chamados a ser agentes de transformação no mundo. A missão de Cristo não se limita a um edifício ou a um lugar específico. Ela se estende a todas as áreas da nossa vida. Devemos ser sinais de esperança e de amor em nosso trabalho, em nossas famílias, em nossas comunidades e no mundo. A Boa Nova que Jesus trouxe deve ser proclamada não apenas com palavras, mas com atitudes concretas de amor, justiça e paz.

Neste momento, convido cada um de nós a refletir sobre como estamos vivendo essa missão. Estamos ouvindo a Palavra de Deus e permitindo que ela transforme nossas vidas? Estamos reconhecendo nosso papel no Corpo de Cristo e usando nossos dons para servir aos outros? E, como Igreja, estamos sendo sinais de esperança e transformação no mundo? Se não, que possamos pedir a Deus, neste momento de oração, a graça de nos renovar e nos tornar verdadeiros discípulos, comprometidos com a construção do Seu Reino.

Oremos: Senhor Deus, agradecemos pela Tua Palavra, que é luz para os nossos caminhos. Pedimos que nos ajudes a viver como verdadeiros discípulos, ouvindo e colocando em prática o que nos ensinas. Que possamos reconhecer nosso papel único dentro do Corpo de Cristo e contribuir para a construção do Reino de Deus. Dá-nos a graça de ser luz no mundo, proclamando a Boa Nova com nossas vidas e palavras. Amém.

Que a graça de Deus nos acompanhe e nos fortaleça para vivermos de acordo com a missão que Ele nos confiou. Amém.


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