Evangelho do dia – quarta-feira, 8 de janeiro de 2025 – Marcos 6,45-52 – Bíblia Católica

Primeira Leitura (1 João 4,11-18).

Leitura da Primeira Carta de São João.

Caríssimos, se Deus nos amou assim, nós também devemos amar-nos uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus permanece conosco e seu amor é plenamente realizado entre nós. A prova de que permanecemos com ele, e ele conosco, é que ele nos deu o seu Espírito. E nós vimos, e damos testemunho, que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo. Todo aquele que proclama que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece com ele, e ele com Deus. E nós conhecemos o amor que Deus tem para conosco, e acreditamos nele. Deus é amor: quem permanece no amor, permanece com Deus, e Deus permanece com ele. Nisto se realiza plenamente o seu amor para conosco: em nós termos plena confiança no dia do julgamento, porque, tal como Jesus, nós somos neste mundo. No amor não há temor. Ao contrário, o perfeito amor lança fora o temor, pois o temor implica castigo, e aquele que teme não chegou à perfeição do amor.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.



Evangelho (Marcos 6,45-52).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos.

— Glória a vós, Senhor.

Depois de saciar os cinco mil homens, Jesus obrigou os discípulos a entrarem na barca e irem na frente para Betsaida, na outra margem, enquanto ele despedia a multidão. Logo depois de se despedir deles, subiu ao monte para rezar. Ao anoitecer, a barca estava no meio do mar e Jesus sozinho em terra. Ele viu os discípulos cansados de remar, porque o vento era contrário. Então, pelas três da madrugada, Jesus foi até eles andando sobre as águas, e queria passar na frente deles. Quando os discípulos o viram andando sobre o mar, pensaram que era um fantasma e começaram a gritar. Com efeito, todos o tinham visto e ficaram assustados. Mas Jesus logo falou: “Coragem, sou eu! Não tenhais medo!” Então subiu com eles na barca. E o vento cessou. Mas os discípulos ficaram ainda mais espantados, porque não tinham compreendido nada a respeito dos pães. O coração deles estava endurecido.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.



Refletindo a Palavra de Deus

Queridos irmãos e irmãs, boa tarde! Hoje nos reunimos para refletir sobre o amor perfeito e sobre o poder transformador de Jesus em nossas vidas. As leituras que acabamos de ouvir trazem uma mensagem clara e profunda que toca diretamente o nosso coração. Elas nos convidam a nos lançar na confiança de que, quando amamos verdadeiramente, o medo desaparece, e que, mesmo nos momentos de tempestade e incerteza, Jesus está sempre presente, nos guiando e nos amparando.

Vamos começar com a primeira leitura, da Primeira Carta de João, que nos apresenta uma das passagens mais consoladoras e profundas da Bíblia: “No amor, não há medo; ao contrário, o amor perfeito expulsa o medo.” Essas palavras nos lembram que o amor de Deus é tão poderoso que não podemos vivê-lo plenamente se estivermos dominados pelo medo. O amor perfeito de Deus lança fora todo o temor, pois onde Deus habita, não há espaço para a angústia, a dúvida ou o pavor.

Imaginemos por um momento a relação entre um pai e um filho pequeno. Quando o pai está por perto, o filho se sente seguro, confortável e confiante. Não importa quão grande seja a tempestade ou quão escuro seja o ambiente, ele sabe que está protegido. Assim também acontece conosco: quando estamos no amor de Deus, podemos confiar plenamente, sabendo que, não importa o que aconteça, Ele nos ampara. O amor de Deus não é apenas um sentimento abstrato; ele é prático, real e eficaz.

Na passagem de 1 João, a escrita nos fala sobre a capacidade de amar, refletindo o amor que recebemos de Deus. “Amados, se Deus nos amou assim, também nós devemos amar uns aos outros.” Aqui, a mensagem é clara: o amor de Deus é a fonte e o modelo para o nosso amor pelos outros. Quando amamos com o amor de Deus, não há espaço para julgamentos, preconceitos ou divisões. O amor de Deus é inclusivo e universal, e é a medida pela qual somos chamados a amar nossos irmãos e irmãs.

Mas o que significa amar com o amor de Deus? O amor de Deus não é condicional, não é uma barganha. Ele não exige que sejamos perfeitos ou que tenhamos algo a oferecer. Ele nos ama incondicionalmente, exatamente como somos, com todas as nossas falhas e fraquezas. É esse tipo de amor que somos chamados a oferecer aos outros. Ele não exige nada em troca, mas nos transforma profundamente.

E agora, chegamos ao Evangelho de Marcos, que nos traz a famosa história de Jesus caminhando sobre as águas. A cena se passa depois de um grande milagre, a multiplicação dos pães, e os discípulos estão no mar, atravessando para o outro lado, enquanto Jesus os observa de longe. De repente, uma tempestade surge. As ondas são grandes, o vento forte, e os discípulos estão aterrorizados. Eles tentam lutar contra as forças da natureza, mas parece que nada podem fazer. E, no meio dessa agitação, eles veem alguém se aproximando, andando sobre as águas.

Imagine por um momento essa cena. A escuridão da noite, o rugido das ondas, o medo em seus corações. E então, no meio dessa tempestade, Jesus se aproxima. Eles não o reconhecem de imediato, e o medo aumenta. Mas, quando Ele fala, dizendo: “Sou eu, não tenhais medo!”, algo muda. O medo começa a se dissipar, e uma sensação de paz começa a tomar conta deles.

O que essa passagem nos ensina? Primeiro, que Jesus está sempre atento às nossas dificuldades. Mesmo quando não O vemos, Ele está lá, olhando para nós, cuidando de nós. Ele sabe exatamente o que estamos passando, e Ele se aproxima de nós no momento de maior necessidade. Às vezes, como os discípulos, podemos não reconhecê-Lo de imediato. Estamos tão imersos em nossas dificuldades que não conseguimos ver Sua presença. Mas Jesus nos diz: “Sou eu, não tenhais medo.”

O medo é uma das maiores barreiras que enfrentamos em nossa jornada de fé. O medo nos paralisou, nos impede de agir, de confiar plenamente em Deus. Mas o amor de Deus, o amor perfeito, lança fora o medo. Quando Jesus diz “não tenhais medo”, Ele nos lembra que podemos confiar n’Ele. Ele tem o poder de acalmar as tempestades da nossa vida. E, quando confiamos plenamente n’Ele, podemos ter paz no meio da tribulação.

No entanto, há uma outra parte crucial dessa história. Quando Jesus sobe no barco, a tempestade se acalma. Mas os discípulos ainda não compreendem completamente quem Ele é, e o Evangelho nos diz que “eles ficaram muito admirados”. Eles haviam testemunhado tantos milagres, mas ainda não haviam entendido plenamente que aquele homem diante deles era o Filho de Deus, Senhor do céu e da terra.

Nós, também, muitas vezes somos assim. Somos convidados a viver pela fé, mas nossa fé ainda é frágil. Ainda não compreendemos totalmente o poder de Deus, Sua presença constante em nossas vidas. Mas, assim como os discípulos, somos chamados a crescer em nossa fé, a reconhecer que, em qualquer momento da tempestade, Jesus está ali, ao nosso lado, pronto para nos acalmar, pronto para nos guiar.

Vamos pensar em como essas duas leituras se entrelaçam. No Evangelho, Jesus nos oferece Sua presença como a resposta ao medo e à tempestade. Na carta de João, somos lembrados de que, se somos amados por Deus, somos chamados a amar os outros com o mesmo amor perfeito, sem medo, com generosidade e compaixão. O amor de Deus é o antídoto para o medo. Quando vivemos o amor de Deus, nossas vidas se tornam mais calmas, mais centradas, mais confiantes.

E agora, o que podemos aprender de tudo isso? Em primeiro lugar, somos chamados a confiar plenamente em Deus, sabendo que Ele está conosco em todas as circunstâncias. Quando enfrentamos dificuldades, quando as tempestades da vida nos assolam, podemos nos lembrar da palavra de Jesus: “Não tenhais medo.” Ele está conosco, e Ele tem poder sobre todas as tempestades. Ele caminha sobre as águas da nossa vida e está pronto para nos trazer paz.

Em segundo lugar, somos chamados a viver o amor de Deus de maneira concreta em nossas vidas. Como a carta de João nos lembra, se Deus nos amou, devemos amar uns aos outros. O amor perfeito de Deus expulsa o medo, e esse amor deve ser o guia de todas as nossas ações. Devemos amar sem reservas, sem medo de nos entregar aos outros, sem medo de perdoar, sem medo de ser vulneráveis.

Por fim, somos desafiados a crescer em nossa fé. Assim como os discípulos, muitas vezes estamos em um processo de entendimento profundo de quem Deus é. A cada momento, somos chamados a crescer mais e mais em nossa confiança n’Ele, a reconhecer Sua presença em todos os momentos da nossa vida.

Queridos irmãos e irmãs, peçamos a graça de viver no amor de Deus, a graça de confiar plenamente em Sua presença, e a graça de amar uns aos outros com o mesmo amor incondicional que Ele tem por nós. Que possamos, em todos os momentos da nossa vida, lembrar: “Não tenhais medo, Ele está conosco.” Amém.


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