Evangelho do dia – quinta-feira, 9 de janeiro de 2025 – Lucas 4,14-22a – Bíblia Católica

Primeira Leitura (1 João 4,19-5,4).

Leitura da Primeira Carta de São João.

Caríssimos, quanto a nós, amemos Deus porque ele nos amou primeiro. Se alguém disser: “Amo a Deus”, mas entretanto odeia o seu irmão, é um mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê. E este é o mandamento que dele recebemos: aquele que ama a Deus, ame também o seu irmão. 5,Todo o que crê que Jesus é o Cristo, nasceu de Deus, e quem ama aquele que gerou alguém, amará também aquele que dele nasceu. Podemos saber que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Pois isto é amar a Deus: observar os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados, pois todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.



Evangelho (Lucas 4,14-22a).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, Jesus voltou para a Galileia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a redondeza. Ele ensinava nas suas sinagogas e todos o elogiavam. E veio à cidade de Nazaré, onde se tinha criado. Conforme seu costume, entrou na sinagoga no sábado, e levantou-se para fazer a leitura. Deram-lhe o livro do profeta Isaías. Abrindo o livro, Jesus achou a passagem em que está escrito: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos cativos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor”. Depois fechou o livro, entregou-o ao ajudante, e sentou-se. Todos os que estavam na sinagoga tinham os olhos fixos nele. Então começou a dizer-lhes: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”. Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.



Refletindo a Palavra de Deus

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, hoje somos convidados a refletir sobre o profundo mistério do amor divino e sobre a missão que nos é confiada como discípulos de Jesus. O amor, como vemos nas leituras de hoje, não é apenas um sentimento; é uma força transformadora, um chamado à ação, que nos guia, nos sustenta e nos capacita a viver como Cristo viveu.

Comecemos com uma reflexão sobre o amor. O que é o amor? Como podemos definir algo tão vasto e imenso? Às vezes, em nossa vida cotidiana, o amor é visto como um simples sentimento. Pode ser algo tão efêmero quanto o calor de um abraço ou o conforto de um olhar. Mas, na leitura de 1 João, o apóstolo nos oferece uma visão mais profunda: *”Nós amamos porque ele nos amou primeiro”* (1Jo 4,19). O amor de Deus é a fonte de todo amor humano. Sem Ele, não seríamos capazes de amar verdadeiramente, pois o amor de Deus é incondicional, é transformador, é eterno.

Imaginemos, por um momento, que estamos diante de uma grande fonte de água cristalina. Aquela água fresca e pura nos dá vida, sacia nossa sede e nos torna mais fortes. O amor de Deus é essa fonte inesgotável. Ele nos amou primeiro, e é a partir desse amor que somos capazes de amar uns aos outros. Isso significa que o amor verdadeiro não é algo que fabricamos por conta própria; ele nos é dado, é um dom de Deus. Ele vem de Deus e é para Deus e para os outros.

A partir dessa compreensão do amor de Deus, o apóstolo nos desafia, dizendo: *”Se alguém diz: ‘Eu amo a Deus’, mas odeia o seu irmão, é mentiroso”*. Aqui, somos chamados a examinar a nossa vida e a nossa relação com o próximo. Como podemos afirmar que amamos a Deus, que acreditamos no Seu amor, se não conseguimos amar aqueles que estão ao nosso redor, especialmente aqueles que nos ferem, nos ofendem ou que são diferentes de nós? O amor de Deus, que habita em nós, deve se refletir nas nossas ações diárias, no modo como tratamos os outros, como reagimos às injustiças e como acolhemos aqueles que estão à margem da sociedade. Não é um amor meramente verbal; é um amor que exige ação, que se traduz em gestos concretos.

Vamos pensar na relação entre o amor de Deus e a nossa obediência aos Seus mandamentos, como vemos em 1 João 5: *”Neste é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos”*. O amor, portanto, não é um mero sentimento, mas uma ação. A verdadeira expressão do amor a Deus é viver de acordo com a Sua vontade. Isso nos leva a refletir: como estamos vivendo os mandamentos de Deus? Em um mundo que muitas vezes nos desvia de Sua palavra, como podemos ser testemunhas do Seu amor e da Sua verdade?

Agora, somos levados para o evangelho de Lucas, onde Jesus começa Sua missão pública. Ele retorna para a Galileia, cheio do Espírito Santo, e começa a ensinar nas sinagogas, e a Sua fama se espalha. Quando chega a Nazaré, Sua cidade natal, Ele se levanta para ler as Escrituras. A passagem que Ele lê, do livro do profeta Isaías, é a seguinte: *”O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres, proclamar a libertação aos prisioneiros, dar visão aos cegos, libertar os oprimidos, e proclamar o ano da graça do Senhor”*. E, após ler, Jesus faz uma afirmação ousada: *”Hoje se cumpriu esta passagem nas vossas ouvidos”* (Lc 4,21).

Meus queridos, esta é uma declaração revolucionária! Jesus, em Sua cidade natal, declara que Ele é o cumprimento das promessas de Deus. Ele não apenas vem como o Messias esperado, mas Ele vem para libertar, curar, restaurar e trazer a verdadeira liberdade. Ele é a Boa Nova que transforma o mundo. Este anúncio de Jesus, proclamado em Sua sinagoga, ainda ressoa em nossos corações hoje. Ele veio para libertar os cativos, para curar os doentes, para restaurar os corações partidos e para dar esperança aos desesperançados. Sua missão é uma missão de amor e compaixão para com todos, sem exceção.

Jesus começa sua missão com uma palavra de esperança para os mais necessitados, para aqueles que estavam marginalizados, para os que viviam sob opressão. E essa mesma missão Ele nos entrega hoje. Assim como Jesus foi enviado para proclamar a boa nova aos pobres e libertar os oprimidos, Ele nos envia também. O amor de Deus, que nos foi dado, deve ser compartilhado com os outros. Somos chamados a ser embaixadores de Cristo, a levar Sua luz onde há escuridão, Sua paz onde há conflito, Seu perdão onde há rancor.

Vamos refletir sobre o que significa viver a missão de Jesus em nossa vida cotidiana. Como podemos ser instrumentos de cura, de restauração e de libertação no mundo? Muitas vezes, a opressão que precisamos combater não é apenas uma opressão física ou econômica, mas uma opressão espiritual, emocional, psicológica. Como podemos anunciar a boa nova aos pobres de espírito, dar visão aos cegos que não conseguem ver a verdade, ou libertar os cativos da ansiedade, da tristeza, do egoísmo e da falta de perdão? A missão de Cristo é nossa missão, e cada um de nós é chamado a ser um reflexo do Seu amor e da Sua ação redentora no mundo.

Jesus, em Seu gesto de ler a passagem de Isaías, nos mostra que a Palavra de Deus é viva e ativa, e é através dessa Palavra que somos transformados. Ele próprio é a Palavra encarnada, e é por meio d’Ele que encontramos a verdadeira liberdade e salvação. Ao proclamarmos o Evangelho e vivermos os Seus mandamentos, tornamo-nos participantes de Sua missão.

Eu os convido a se perguntar: onde posso ser luz hoje? Onde posso levar a boa nova aos pobres, dar visão aos cegos ou libertar os oprimidos? Talvez seja através de uma palavra de conforto a alguém que está sofrendo, talvez seja oferecendo ajuda a um necessitado ou estendendo a mão a quem está em dificuldades. Talvez seja simplesmente dando espaço para o amor e a compaixão crescerem em nosso coração, para que possamos ser mais generosos em nossas ações.

Neste momento, que possamos também olhar para dentro de nós mesmos e reconhecer as áreas onde precisamos da libertação de Jesus. Talvez tenhamos nossas próprias prisões, nossas cegueiras, nossas opressões internas. Jesus quer curar essas feridas, trazer luz para esses lugares sombrios e nos dar a liberdade que somente Ele pode oferecer.

Nosso chamado é viver esse amor que nos foi dado por Deus, e refletir a missão de Cristo em nossas vidas. A nossa vida deve ser um testemunho do amor de Deus, um amor que é visível, prático e transformador. Somos chamados a ser o sal da terra e a luz do mundo, a viver a boa nova em cada momento do nosso dia, a dar ao mundo a esperança que vem de Cristo.

Que possamos, ao longo desta semana, nos lembrar de que a missão de Jesus é também a nossa missão. E que, ao viver esse amor, possamos transformar o mundo ao nosso redor, sempre guiados pelo Espírito Santo e confiantes de que o amor de Deus está conosco, nos capacitando e nos fortalecendo.

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.


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