Evangelho do dia – sábado, 10 de agosto de 2024 – João 12,24-26 – Bíblia Católica

Primeira Leitura (2Cor 9,6-10)

Leitura da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios.

Irmãos, “Quem semeia pouco colherá também pouco e quem semeia com largueza colherá também com largueza”. Dê cada um conforme tiver decidido em seu coração, sem pesar nem constrangimento; pois Deus “ama quem dá com alegria”. Deus é poderoso para vos cumular de toda sorte de graças, para que, em tudo, tenhais sempre o necessário e ainda tenhais de sobra para toda obra boa, como está escrito: “Distribuiu generosamente, deu aos pobres; a sua justiça permanece para sempre”. Aquele que dá a semente ao semeador e lhe dará o pão como alimento, ele mesmo multiplicará as vossas sementes e aumentará os frutos da vossa justiça.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.



Evangelho (João 12,24-26)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto. Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.



Refletindo a Palavra de Deus

Amados irmãos e irmãs em Cristo,

Imagine-se segurando uma pequena semente em sua mão. Tão pequena, tão aparentemente insignificante. Mas dentro dela, esconde-se um potencial incrível – o potencial de se tornar uma árvore majestosa, um campo de trigo ondulante, ou uma flor de beleza deslumbrante. Esta simples semente nos ensina uma das lições mais profundas do Reino de Deus, uma lição que está no cerne das leituras de hoje.

São Paulo, em sua carta aos Coríntios, nos lembra: “Quem semeia pouco, pouco colherá; quem semeia com largueza, com largueza colherá.” Que verdade poderosa! Mas antes de nos apressarmos em interpretá-la apenas em termos materiais, vamos mergulhar mais fundo em seu significado espiritual.

Pense por um momento: o que você está semeando em sua vida? Que tipo de sementes você espalha diariamente em seus relacionamentos, em seu trabalho, em sua comunidade? São sementes de bondade, de paciência, de compaixão? Ou são sementes de amargura, de egoísmo, de indiferença?

Paulo não está nos dando uma fórmula mágica para a prosperidade financeira. Ele está nos convidando a uma vida de generosidade radical, uma generosidade que reflete o próprio coração de Deus.

Lembrem-se, Deus é o semeador supremo. Ele semeou o universo com as estrelas, a Terra com vida abundante, e nossos corações com o potencial para o amor divino. E Sua semeadura mais generosa? Seu próprio Filho, Jesus Cristo, a semente divina plantada no solo da humanidade.

E é aqui que o Evangelho de hoje se entrelaça belamente com as palavras de Paulo. Jesus nos diz: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz muito fruto.” Que paradoxo extraordinário! A morte como caminho para a vida, a perda como caminho para o ganho.

Imaginem um fazendeiro que se recusa a plantar suas sementes porque não quer “perdê-las”. Parece absurdo, não é? No entanto, quantas vezes nos agarramos às nossas próprias “sementes” – nosso tempo, nossos talentos, nossos recursos – com medo de perdê-los se os “plantarmos”?

Jesus está nos chamando para uma vida de auto-entrega corajosa. Ele não está glorificando o sofrimento pelo sofrimento, mas nos mostrando que o verdadeiro florescimento da vida vem quando estamos dispostos a “morrer” para nosso egoísmo, nossas ambições mesquinhas, nossos medos limitantes.

Pense em São Maximiliano Kolbe, que voluntariamente tomou o lugar de um pai de família condenado à morte em Auschwitz. Seu ato de auto-sacrifício não apenas salvou uma vida, mas inspirou milhões ao longo das décadas. Ele era o grão de trigo que caiu na terra e morreu, produzindo um fruto abundante de esperança e amor em um dos lugares mais sombrios da história humana.

Ou considere Madre Teresa, que “morreu” para uma vida de conforto e prestígio para servir os mais pobres dos pobres em Calcutá. Sua vida de entrega produziu um fruto tão abundante que continua a alimentar os famintos e inspirar os corações até hoje.

Estes santos nos mostram o que significa viver as palavras de Jesus: “Quem ama a sua vida, perdê-la-á; mas quem odeia a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna.” Não se trata de um ódio literal à vida, mas de uma disposição de colocar o amor a Deus e ao próximo acima de nossos próprios desejos e confortos.

Mas voltemos à imagem da semeadura. Paulo nos assegura: “Deus tem o poder de fazer abundar em vós toda a graça, para que, tendo sempre o suficiente em tudo, vos sobre ainda muito para toda boa obra.” Que promessa maravilhosa!

Deus não nos chama à generosidade para nos deixar vazios. Ele é o Deus da abundância, não da escassez. Quando semeamos generosamente – seja nosso tempo, nosso amor, nossos recursos – Deus promete suprir todas as nossas necessidades e nos capacitar para ainda mais generosidade.

É como uma fonte que nunca se esgota. Quanto mais água flui dela, mais fresca e abundante se torna. Da mesma forma, quanto mais generosos somos, mais experimentamos a generosidade de Deus em nossas próprias vidas.

Mas atenção: isso não significa que seremos sempre recompensados da maneira que esperamos ou desejamos. A “colheita abundante” pode vir de formas surpreendentes – uma paz interior profunda, relacionamentos mais ricos, um senso mais profundo de propósito, uma alegria que transcende as circunstâncias.

Jesus nos lembra: “Se alguém me quer servir, siga-me.” Seguir a Cristo significa abraçar Seu caminho de amor sacrificial. Significa estar disposto a ser aquela semente que cai na terra e morre para que uma nova vida possa brotar.

Isso pode parecer assustador. Afinal, quem gosta da ideia de “morrer”, mesmo que metaforicamente? Mas lembrem-se: a semente não permanece morta. Ela se transforma, ressurge, multiplica-se. Da mesma forma, quando morremos para nosso egoísmo, ressurgimos na plenitude do amor de Cristo.

Então, meus queridos irmãos e irmãs, eu os desafio hoje: sejam semeadores generosos! Espalhem sementes de bondade, de compaixão, de perdão. Não tenham medo de “perder” sua vida por amor a Cristo e aos outros. Pois é precisamente nessa entrega que encontraremos a vida em sua forma mais plena e abundante.

Perguntem-se: Que “sementes” posso plantar esta semana? Talvez seja um ato de perdão para alguém que o magoou. Ou dedicar tempo para visitar um vizinho solitário. Ou usar seus talentos para servir em sua comunidade. Cada pequeno ato de amor é uma semente plantada no Reino de Deus.

E lembrem-se sempre: vocês não semeiam sozinhos. O próprio Deus, o Jardineiro Divino, trabalha ao seu lado. Ele prepara o solo dos corações, rega com Sua graça, e faz crescer além do que podemos imaginar.

Que possamos, como Paulo diz, ser “enriquecidos em tudo para toda generosidade”. Que nossas vidas sejam campos férteis onde o amor de Deus possa florescer abundantemente. E que, no final de nossa jornada, possamos apresentar a Deus uma colheita rica – não de conquistas egoístas, mas de vidas tocadas, corações transformados, e amor multiplicado.

Que o Senhor da colheita abençoe abundantemente as sementes que vocês plantam hoje e sempre. Que Ele faça de cada um de nós um grão de trigo disposto a cair na terra e morrer, para que possamos produzir muito fruto para Sua glória.

Vão em paz e que Deus os abençoe. Amém.


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