Evangelho do dia – sábado, 11 de janeiro de 2025 – João 3,22-30 – Bíblia Católica

Primeira Leitura (João 5,14-21).

Leitura da Primeira Carta de São João.

Caríssimos, esta é a confiança que temos em Deus: se lhe pedimos alguma coisa de acordo com a sua vontade, ele nos ouve. E se sabemos que ele nos ouve em tudo o que lhe pedimos, sabemos que possuímos o que havíamos pedido. Se alguém vê seu irmão cometer um pecado que não conduz à morte, que ele reze, e Deus lhe dará a vida; isto, se, de fato, o pecado cometido não conduz à morte. Existe um pecado que conduz à morte, mas não é a respeito deste que eu digo que se deve rezar. Toda iniquidade é pecado, mas existe pecado que não conduz à morte. Sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca. Aquele que é gerado por Deus o guarda, e o Maligno não o pode atingir. Nós sabemos que somos de Deus, ao passo que o mundo inteiro está sob o poder do Maligno. Nós sabemos que veio o Filho de Deus e nos deu inteligência para conhecermos aquele que é o Verdadeiro. E nós estamos com o Verdadeiro, no seu Filho Jesus Cristo. Este é o Deus verdadeiro e a Vida eterna. Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.



Evangelho (João 3,22-30).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, Jesus foi com seus discípulos para a região da Judeia. Permaneceu aí com eles e batizava. Também João estava batizando, em Enon, perto de Salim, onde havia muita água. Aí chegavam as pessoas e eram batizadas. João ainda não tinha sido posto no cárcere. Alguns discípulos de João estavam discutindo com um judeu a respeito da purificação. Foram a João e disseram: “Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão e do qual tu deste testemunho, agora está batizando e todos vão a ele”. João respondeu: “Ninguém pode receber alguma coisa, se não lhe for dada do céu. Vós mesmo sois testemunhas daquilo que eu disse: ‘Eu não sou o Messias, mas fui enviado na frente dele’. É o noivo que recebe a noiva, mas o amigo, que está presente e o escuta, enche-se de alegria ao ouvir a voz do noivo. Esta é a minha alegria, e ela é completa. É necessário que ele cresça e eu diminua”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.



Refletindo a Palavra de Deus

Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

“Ele deve crescer e eu devo diminuir.” Estas palavras de João Batista, tão simples e ao mesmo tempo tão profundas, nos convidam hoje a uma reflexão sobre humildade, confiança e verdadeira identidade em Cristo.

Na primeira leitura, João nos apresenta uma verdade extraordinária sobre nossa relação com Deus: “Esta é a confiança que temos nele: se pedirmos alguma coisa conforme a sua vontade, ele nos atende.” Que promessa poderosa! Mas notem o detalhe crucial: “conforme a sua vontade.” João Batista, no evangelho, exemplifica perfeitamente esta atitude de alinhamento com a vontade divina.

Imaginem a cena descrita no evangelho. Os discípulos de João vêm até ele, aparentemente preocupados: “Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, e do qual deste testemunho, está batizando, e todos vão a ele.” Podemos sentir a ansiedade em suas palavras, talvez até um toque de ciúme em nome de seu mestre. Afinal, João tinha sido a grande atração, o profeta do deserto que atraía multidões. E agora?

A resposta de João Batista é uma obra-prima de humildade espiritual: “O homem não pode receber coisa alguma se não lhe for dada do céu.” Com estas palavras, ele reconhece uma verdade fundamental que todos nós precisamos abraçar: tudo o que temos e somos é um dom de Deus.

João continua com uma analogia belíssima: ele se compara ao amigo do noivo, que se alegra ao ouvir a voz do noivo. Não há inveja, não há competição, apenas alegria genuína por ver o plano de Deus se desenrolando. “Esta é a minha alegria, e ela é completa.”

Esta atitude de João Batista dialoga perfeitamente com o que a primeira leitura de João nos ensina sobre a verdadeira vida em Cristo. “Sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca.” Isto não significa uma perfeição impossível, mas uma orientação fundamental do coração. Quando verdadeiramente compreendemos quem somos em Cristo, quando nossa identidade está firmemente ancorada nele, não precisamos competir, não precisamos nos agarrar a posições ou status.

João Batista sabia quem era. Sabia seu papel no plano de Deus. E, mais importante, sabia quando era hora de dar um passo atrás para que Cristo pudesse avançar. “Ele deve crescer e eu devo diminuir.” Que lição para nós hoje! Em um mundo obcecado por autoafirmação e autopromoção, estas palavras são revolucionárias.

Quantas vezes nos encontramos lutando para manter o controle, para preservar nossa influência, para proteger nosso território? Quantas vezes nossa oração se torna uma lista de desejos em vez de um exercício de alinhamento com a vontade de Deus?

A primeira carta de João nos adverte sobre os ídolos: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.” Os ídolos nem sempre são estátuas ou imagens. Muitas vezes, são nossas próprias ambições, nosso desejo de reconhecimento, nossa necessidade de controle. João Batista nos mostra o caminho para a libertação desses ídolos: reconhecer que nossa verdadeira alegria está em ver Cristo exaltado, mesmo que isso signifique nosso próprio “diminuir”.

Então, como aplicamos estas verdades em nossas vidas? Primeiro, precisamos examinar honestamente nossos corações. Onde estamos tentando “crescer” em áreas onde Cristo deveria estar crescendo? Onde nossa vontade está competindo com a vontade de Deus?

Segundo, precisamos cultivar aquela confiança de que João fala na primeira leitura. Confiança de que Deus nos ouve, de que Ele se importa com nossas necessidades, mas também confiança de que Sua vontade é sempre melhor que a nossa.

Terceiro, precisamos encontrar nossa alegria não em nosso próprio sucesso ou reconhecimento, mas em ver o Reino de Deus avançando, mesmo que isso signifique que outros recebam o crédito ou a atenção.

Meus irmãos e irmãs, que possamos hoje aprender com João Batista esta profunda lição de humildade e alegria. Que possamos encontrar nossa verdadeira identidade e propósito não na autoexaltação, mas em apontar para Cristo. E que nossas orações reflitam cada vez mais não nossa vontade, mas a busca sincera pela vontade de Deus.

Que o Senhor nos dê a graça de dizer, com sinceridade e alegria: “Ele deve crescer e eu devo diminuir.” Amém.


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