Evangelho do dia – sábado, 15 de março de 2025 – Mateus 5,43-48 – Bíblia Católica

Primeira Leitura (Deuteronômio 26,16-19)

Leitura do Livro do Deuteronômio.

Moisés dirigiu a palavra ao povo de Israel e lhe disse: “Hoje, o Senhor teu Deus te manda cumprir esses preceitos e decretos. Guarda-os e observa-os com todo o teu coração e com toda a tua alma. Tu escolheste hoje o Senhor para ser o teu Deus, para seguires os seus caminhos, e guardares seus preceitos, mandamentos e decretos, e para obedeceres à sua voz. E o Senhor te escolheu, hoje, para que sejas para ele um povo particular, como te prometeu, a fim de observares todos os seus mandamentos. Assim ele te fará ilustre entre todas as nações que criou, e te tornará superior em honra e glória, a fim de que sejas o povo santo do Senhor teu Deus, como ele disse”.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.



Evangelho (Mateus 5,43-48)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: “Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos. Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.



Refletindo a Palavra de Deus

Meus irmãos e irmãs em Cristo,

Gostaria de começar esta reflexão com uma pergunta: o que significa, para você, ser uma pessoa diferenciada? No mundo de hoje, há muitas respostas possíveis. Ser bem-sucedido, ter uma carreira brilhante, ser admirado pelos outros, acumular bens materiais… Mas será que é isso que Deus espera de nós? As leituras de hoje nos mostram que ser verdadeiramente especial aos olhos do Senhor é algo muito diferente daquilo que o mundo valoriza.

Na primeira leitura, do livro do Deuteronômio, Deus faz uma aliança com o povo de Israel. Ele declara: “Hoje o Senhor, teu Deus, te ordena que pratiques estes preceitos e estas normas; tu as guardarás e as praticarás com todo o teu coração e com toda a tua alma” (Dt 26,16). O Senhor não deseja apenas obediência exterior, mas um compromisso profundo, vindo do coração. Mais do que regras, Ele quer uma relação de amor, fidelidade e entrega.

Deus continua dizendo que, se o povo for fiel, Ele os tornará “sua propriedade exclusiva” e “um povo santo”. Esse é um chamado para ser diferente, para se destacar no mundo não por riqueza ou poder, mas pela santidade. Mas o que significa ser santo?

Aqui entra o Evangelho de Mateus, onde Jesus nos apresenta um dos maiores desafios da vida cristã: amar os inimigos. “Ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!” (Mt 5,43-44). Esse ensinamento nos desconcerta, porque desafia nossa natureza humana. É fácil amar aqueles que nos tratam bem, mas amar quem nos prejudica? Isso parece impossível!

Jesus nos ensina que o amor cristão não pode ser limitado àqueles que nos fazem bem. Ele nos convida a refletir sobre Deus: “Vosso Pai que está nos céus faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre justos e injustos” (Mt 5,45). Se Deus trata a todos com misericórdia, como poderíamos agir de maneira diferente? Se quisermos ser verdadeiramente filhos de Deus, devemos imitar Seu amor incondicional.

Vamos pensar em um jardineiro. Ele cuida do jardim e rega todas as plantas, sem discriminar quais flores são mais bonitas ou quais árvores dão mais frutos. Ele sabe que todas precisam de água para crescer. Assim é Deus: Ele dá Sua graça a todos, independentemente de merecimento. E Ele nos chama a fazer o mesmo.

Mas como podemos amar aqueles que nos ferem? Primeiro, precisamos entender que amar não significa sentir afeição. Jesus não está pedindo que tenhamos carinho por quem nos prejudicou, mas que desejemos o bem dessas pessoas, que não alimentemos ódio em nossos corações e que sejamos capazes de perdoar. O amor ao inimigo se manifesta em atitudes concretas: em não retribuir ofensa com ofensa, em orar por aqueles que nos magoam, em buscar a reconciliação sempre que possível.

Isso não significa ser ingênuo ou permitir injustiças. O perdão cristão não ignora o erro, mas transforma o coração. Pensemos na cruz: Jesus, injustamente condenado, poderia ter amaldiçoado Seus algozes. Mas Ele escolheu o caminho do amor: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Esse é o ápice do amor cristão.

Nosso desafio, então, é levar esse amor para a vida cotidiana. Como podemos viver essa mensagem no nosso dia a dia? Talvez seja perdoando um parente com quem brigamos há anos. Talvez seja sendo gentis com um colega de trabalho difícil. Talvez seja orando sinceramente por alguém que nos magoou. Pequenos gestos podem transformar o mundo.

Jesus conclui dizendo: “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Essa perfeição não significa nunca errar, mas buscar um amor cada vez mais parecido com o de Deus. Esse é o verdadeiro caminho da santidade.

Voltemos à pergunta inicial: o que significa ser uma pessoa diferenciada? O mundo dirá que são aqueles que acumulam riquezas, status ou fama. Mas para Deus, especiais são aqueles que vivem o amor, a misericórdia e a santidade. A verdadeira grandeza não está no que temos, mas na maneira como amamos.

Que possamos sair daqui hoje com esse compromisso: ser diferentes não segundo os critérios do mundo, mas segundo o coração de Deus. Que Ele nos ajude a amar como Ele ama, a perdoar como Ele perdoa, e a viver cada dia como Seu povo santo. Amém.


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