Evangelho do dia – sábado, 16 de março de 2024 – João 7,40-53 – Bíblia Católica

Primeira Leitura (Jr 11,18-20)

Leitura do Livro do Profeta Jeremias.

Senhor, avisaste-me e eu entendi; fizeste-me saber as intrigas deles. Eu era como manso cordeiro levado ao sacrifício, e não sabia que tramavam contra mim: “Vamos cortar a árvore em toda a sua força, eliminá-lo do mundo dos vivos, para seu nome não ser mais lembrado”.

E tu, Senhor dos exércitos, que julgas com justiça e perscrutas os afetos do coração, concede que eu veja a vingança que tomarás contra eles, pois eu te confiei a minha causa.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.



Evangelho (Jo 7,40-53)

— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, ao ouvirem as palavras de Jesus, algumas pessoas diziam: “Este é, verdadeiramente, o Profeta”. Outros diziam: “Ele é o Messias”. Mas alguns objetavam: “Porventura o Messias virá da Galileia? Não diz a Escritura que o Messias será da descendência de Davi e virá de Belém, povoado de onde era Davi?”

Assim, houve divisão no meio do povo por causa de Jesus. Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém pôs as mãos nele. Então, os guardas do Templo voltaram para os sumos sacerdotes e os fariseus, e estes lhes perguntaram: “Por que não o trouxestes?”

Os guardas responderam: “Ninguém jamais falou como este homem”. Então os fariseus disseram-lhes: “Também vós vos deixastes enganar? Por acaso algum dos chefes ou dos fariseus acreditou nele? Mas esta gente que não conhece a Lei, é maldita!”

Nicodemos, porém, um dos fariseus, aquele que se tinha encontrado com Jesus anteriormente, disse: “Será que a nossa Lei julga alguém, antes de o ouvir e saber o que ele fez?” Eles responderam: “Também tu és galileu, porventura? Vai estudar e verás que da Galileia não surge profeta”. E cada um voltou para sua casa.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.



Refletindo a Palavra de Deus

Caros irmãos e irmãs em Cristo,

Quanta alegria é estar aqui hoje, reunidos como uma comunidade de fé, para refletir sobre as preciosas palavras da Sagrada Escritura. Nossas vidas muitas vezes se assemelham a um turbilhão de emoções, desafios e responsabilidades, mas, neste momento, somos convidados a encontrar refúgio e orientação nas páginas sagradas que nos foram legadas pelos santos profetas e apóstolos. Permitam-me, então, conduzi-los nesta jornada espiritual, contemplando as passagens bíblicas de Jeremias 11,18-20 e João 7,40-53.

Irmãos e irmãs, a vida nem sempre é fácil. Jeremias, o profeta que nos fala na primeira leitura, sabia muito bem disso. Ele enfrentou oposição, rejeição e até mesmo perseguição por causa de sua fidelidade à palavra de Deus. Ele foi traído e abandonado por aqueles em quem confiava. Em meio a todas as dificuldades, Jeremias poderia ter se desesperado, mas ele escolheu permanecer firme em sua fé, porque sabia que o Senhor estava com ele.

Quantas vezes também nos sentimos traídos e abandonados pelas pessoas ao nosso redor? Quantas vezes somos confrontados com situações desafiadoras que nos fazem questionar nosso propósito e nosso caminho? Nestes momentos, é crucial lembrarmos que somos chamados a confiar em Deus e a buscar a Sua vontade. Assim como Jeremias, podemos clamar: “Senhor, Tu sabes de tudo, lembra-te de mim e vinga-me dos meus perseguidores; não permitas que eu seja destruído por causa da tua paciência!” (Jeremias 11,20).

E é exatamente essa confiança que vemos no Evangelho de João. Os fariseus e as autoridades religiosas questionam Jesus, o Filho de Deus, e tentam encontrar motivos para rejeitá-Lo. Mas, no meio dessa atmosfera de incredulidade, alguns começam a reconhecer a verdade e a se perguntar se Jesus não poderia ser, de fato, o Messias tão esperado. Eles dizem: “Este é verdadeiramente o profeta” (João 7,40).

Essa afirmação é um ponto de virada crucial. Aqueles que estavam dispostos a abrir seus corações e mentes para a possibilidade de que Jesus fosse o Messias começaram a experimentar uma transformação interior. Eles estavam dispostos a desafiar as tradições e as opiniões prevalecentes para abraçar uma nova realidade de esperança e salvação.

Irmãos e irmãs, assim como aqueles que reconheceram Jesus como o profeta, somos chamados a abrir nossos corações e mentes para a verdade divina. Às vezes, podemos estar tão imersos em nossas tradições e opiniões pessoais que perdemos de vista a verdade que está diante de nós. Que essas palavras nos desafiem a questionar e a examinar nossas próprias crenças, abrindo-nos para a ação de Deus em nossas vidas.

Mas como podemos fazer isso? Como podemos encontrar essa abertura para a verdade divina? Permitam-me compartilhar uma história com vocês. Certa vez, um jovem procurou um mestre espiritual e perguntou: “Mestre, como posso abrir meu coração para a verdade divina?”. O mestre sorriu e disse: “Meu filho, imagine seu coração como um jarro cheio de água suja. Para enchê-lo com água limpa, você deve primeiro esvaziá-lo da água suja. Da mesma forma, para abrir seu coração para a verdade divina, você deve primeiro se libertar das ilusões e dos apegos mundanos.”

Essa história nos lembra que a abertura para a verdade divina requer um processo de purificação interior. Devemos estar dispostos a deixar de lado nossas próprias ideias preconcebidas, nossos apegos e nossos desejos egoístas. Somente então seremos capazes de receber a plenitude da revelação divina em nossas vidas.

Irmãos e irmãs, a mensagem central dessas passagens bíblicas é clara: devemos confiar em Deus mesmo em meio às dificuldades e estar dispostos a abrir nossos corações para a verdade divina. Mas, como podemos aplicar esses princípios em nossas vidas cotidianas?

Primeiramente, devemos buscar um relacionamento íntimo com Deus por meio da oração e da meditação na Palavra. Assim como Jeremias e os discípulos de Jesus, precisamos confiar na presença constante do Senhor em nossa vida, mesmo quando enfrentamos tribulações. A oração nos fortalece e nos traz paz em meio às adversidades.

Além disso, devemos estar dispostos a questionar nossas próprias crenças e tradições. Isso não significa abandonar nossa fé, mas sim ter a coragem de examinar nossos corações e permitir que a verdade divina nos transforme. Às vezes, é necessário deixar de lado nossos próprios preconceitos e estar abertos a novas perspectivas, sabendo que Deus está além de nossas limitações humanas.

Também é importante lembrar que a abertura para a verdade divina exige humildade. Precisamos reconhecer que não temos todas as respostas e que a compreensão completa de Deus está além de nossa capacidade limitada. A humildade nos permite aprender dos outros, especialmente daqueles que têm uma compreensão mais profunda da fé e da tradição.

Além disso, devemos buscar a purificação interior. Assim como o jarro da história que precisava ser esvaziado da água suja, devemos nos libertar das ilusões e dos apegos mundanos que nos impedem de receber plenamente a verdade divina. Isso pode exigir renúncia e sacrifício, mas a recompensa é uma vida mais alinhada com a vontade de Deus e uma intimidade mais profunda com Ele.

Por fim, não podemos esquecer que a abertura para a verdade divina nos chama à ação. Devemos viver de acordo com os ensinamentos de Cristo, colocando em prática o amor, a justiça e a compaixão em nossas interações diárias. Devemos ser testemunhas vivas do Evangelho, mostrando ao mundo a transformação que a verdade divina pode trazer.

Queridos irmãos e irmãs, nesta Quaresma, somos convidados a refletir sobre essas passagens bíblicas e a aplicá-las em nossas vidas. Que possamos ter a coragem de confiar em Deus mesmo em meio às dificuldades, de questionar nossas próprias crenças e de nos abrir à verdade divina. Que possamos buscar a purificação interior e viver de acordo com os ensinamentos de Cristo. Que a graça, o amor e a esperança divinos nos guiem em nossa jornada espiritual, capacitando-nos a ser verdadeiros discípulos de Cristo em todas as áreas de nossas vidas.

Que o Senhor nos abençoe e nos conceda a sabedoria e a força para vivermos de acordo com Sua vontade. Que nossas vidas sejam um testemunho vivo do amor e da verdade divina. Que assim seja. Amém.


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