Evangelho do dia – sábado, 24 de agosto de 2024 – João 1,45-51 – Bíblia Católica

Primeira Leitura (Apocalipse 21,9b-14)

Leitura do Livro do Apocalipse de São João.

Um anjo falou comigo e disse: “Vem! Vou mostrar-te a noiva, a esposa do Cordeiro”. Então me levou em espírito a uma montanha grande e alta. Mostrou-me a cidade santa, Jerusalém, descendo do céu, de junto de Deus, brilhando com a glória de Deus. Seu brilho era como o de uma pedra preciosíssima, como o brilho de jaspe cristalino. Estava cercada por uma muralha maciça e alta, com doze portas. Sobre as portas estavam doze anjos, e nas portas estavam escritos os nomes das doze tribos de Israel. Havia três portas do lado do oriente, três portas do lado norte, três portas do lado sul e três portas do lado do ocidente. A muralha da cidade tinha doze alicerces, e sobre eles estavam escritos os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

Evangelho (João 1,45-51)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João.

— Glória a vós, Senhor.

Filipe encontrou-se com Natanael e lhe disse: “Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e também os profetas: Jesus de Nazaré, o filho de José”. Natanael disse: “De Nazaré pode sair coisa boa?” Filipe respondeu: “Vem ver!” Jesus viu Natanael que vinha para ele e comentou: “Aí vem um israelita de verdade, um homem sem falsidade”. Natanael perguntou: “De onde me conheces?” Jesus respondeu: “Antes que Filipe te chamasse, enquanto estavas debaixo da figueira, eu te vi”. Natanael respondeu: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel”. Jesus disse: “Tu crês porque te disse: Eu te vi debaixo da figueira? Coisas maiores que esta verás!” E Jesus continuou: “Em verdade, em verdade, eu vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

Refletindo a Palavra de Deus

Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

Imagine-se por um momento diante de uma porta majestosa. Ela é imponente, adornada com pedras preciosas e inscrições misteriosas. Seu coração bate mais forte, pois você sabe que além desta porta está algo extraordinário, algo que supera tudo o que você já viu ou imaginou. Esta é a sensação que João, o autor do Apocalipse, deve ter experimentado quando o anjo lhe disse: “Vem! Vou mostrar-te a noiva, a esposa do Cordeiro.”

Esta cena surpreendente da nossa primeira leitura nos transporta para uma visão celestial, um vislumbre do que está por vir. João descreve a Nova Jerusalém descendo do céu, resplandecente com a glória de Deus. Mas não é apenas uma cidade que ele vê; é uma noiva adornada para seu esposo. Que imagem poderosa e comovente! A Igreja, todos nós coletivamente, somos apresentados como a noiva de Cristo.

Reflitam comigo por um momento sobre o significado profundo desta metáfora. Uma noiva no dia do seu casamento está no auge da beleza, da alegria e da expectativa. Ela se preparou cuidadosamente, cada detalhe de sua aparência refletindo o amor que sente por seu noivo. Da mesma forma, nós, como Igreja, somos chamados a nos adornar com as virtudes de Cristo, a refletir Sua luz e amor para o mundo.

João continua descrevendo esta cidade-noiva em detalhes vívidos. Ela tem “um grande e alto muro com doze portas, e sobre as portas doze anjos, e nomes inscritos, que são os nomes das doze tribos dos filhos de Israel.” Cada elemento desta descrição está repleto de significado simbólico.

O muro representa a proteção e a segurança que temos em Cristo. As doze portas, abertas para todas as direções, nos lembram que a salvação está disponível para todos, de todas as nações e culturas. Os nomes das doze tribos de Israel inscritos nas portas nos mostram a continuidade entre a antiga e a nova aliança, lembrando-nos que o plano de Deus para a redenção da humanidade sempre foi um só, desde o início dos tempos.

Mas a descrição não para por aí. João nos diz que “o muro da cidade tinha doze fundamentos, e sobre estes estavam os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.” Que honra incrível para estes homens comuns que deixaram tudo para seguir Jesus! Seus nomes, eternamente gravados nos fundamentos da Nova Jerusalém, são um testemunho duradouro de sua fé e dedicação.

E é aqui, meus queridos irmãos e irmãs, que nossa leitura do Evangelho se entrelaça belamente com esta visão apocalíptica. Pois nele, vemos o momento em que um desses apóstolos – Natanael, também conhecido como Bartolomeu – encontra Jesus pela primeira vez.

A cena começa com Filipe, cheio de entusiasmo, correndo para contar a Natanael: “Encontramos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e os profetas também, Jesus de Nazaré, o filho de José.” Podemos sentir a empolgação em suas palavras, a alegria de quem acaba de fazer uma descoberta que muda a vida.

Mas a resposta de Natanael é cética, quase desdenhosa: “De Nazaré pode sair algo bom?” Quantas vezes nós também reagimos com ceticismo quando ouvimos as boas novas do Evangelho? Quantas vezes deixamos nossos preconceitos, nossa lógica limitada, nossa visão estreita do mundo nos impedir de reconhecer a obra de Deus?

A resposta de Filipe é simples, mas profunda: “Vem e vê.” Ele não argumenta, não tenta convencer Natanael com palavras. Ele simplesmente o convida a ter um encontro pessoal com Jesus. E é este encontro que muda tudo.

Quando Jesus vê Natanael se aproximando, Ele o saúda com palavras surpreendentes: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!” Jesus vê além das aparências, além do ceticismo inicial de Natanael. Ele vê o coração do homem, sua sinceridade, sua busca genuína pela verdade.

Natanael, espantado, pergunta: “De onde me conheces?” E a resposta de Jesus o deixa ainda mais maravilhado: “Antes que Filipe te chamasse, eu te vi quando estavas debaixo da figueira.” Este não é apenas um ato de clarividência; é uma demonstração do conhecimento íntimo e pessoal que Deus tem de cada um de nós.

Imaginem a cena: Natanael, sozinho sob a figueira, talvez meditando, orando, buscando a Deus em silêncio. E Jesus o viu. Jesus sempre nos vê, meus amados. Nos momentos de solidão, nas horas de dúvida, nos tempos de busca – Ele está lá, observando com amor, esperando o momento certo para se revelar.

A resposta de Natanael a este encontro é imediata e profunda: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!” Em questão de momentos, ele passa do ceticismo à fé plena. Este é o poder transformador de um encontro pessoal com Cristo.

Mas Jesus promete a Natanael algo ainda maior: “Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.” Esta imagem evoca a visão de Jacó da escada que ligava o céu e a terra. Jesus está se apresentando como a verdadeira ligação entre o divino e o humano, o caminho pelo qual o céu e a terra se encontram.

E não é exatamente isso que vemos na visão de João no Apocalipse? A Nova Jerusalém descendo do céu, unindo o divino e o humano em uma harmonia perfeita. O que Jesus promete a Natanael é um vislumbre desta realidade celestial, um prenúncio da glória que está por vir.

Meus queridos irmãos e irmãs, estas leituras nos convidam a uma jornada de fé e visão. Somos chamados, como Natanael, a “vir e ver” – a ter um encontro pessoal com Cristo que transforma nossa visão do mundo e de nós mesmos. Somos chamados, como João, a elevar nossos olhos e contemplar a glória que Deus tem preparado para aqueles que O amam.

Mas esta visão não é apenas para o futuro distante. A Nova Jerusalém, em certo sentido, já está entre nós. Cada vez que nos reunimos como Igreja, cada vez que estendemos a mão em amor a um irmão necessitado, cada vez que resistimos ao pecado e escolhemos a santidade, estamos construindo essa cidade celestial aqui e agora.

Somos chamados a ser as pedras vivas desta cidade, cada um de nós refletindo a luz de Cristo de uma maneira única. Assim como os nomes dos apóstolos estão gravados nos fundamentos da Nova Jerusalém, nossas vidas, nossa fé, nosso amor deixam uma marca eterna no plano de Deus.

Então, eu os desafio hoje: sejam como Filipe, convidando outros a “vir e ver” a Cristo. Sejam como Natanael, dispostos a deixar de lado o ceticismo e abrir seus corações para um encontro transformador com Jesus. Sejam como João, mantendo seus olhos fixos na glória que está por vir, mesmo em meio às tribulações deste mundo.

E lembrem-se sempre: assim como Jesus viu Natanael debaixo da figueira, Ele vê você. Ele conhece suas lutas, suas dúvidas, seus medos. Ele vê também sua sinceridade, sua busca, seu potencial. E Ele está chamando você para algo maior, para uma visão mais ampla, para uma vida de propósito e significado eternos.

Que possamos, individual e coletivamente, responder a esse chamado. Que possamos nos preparar como uma noiva para seu noivo, adornando-nos com as virtudes de Cristo. Que nossas vidas sejam portas abertas, convidando outros a entrar e experimentar o amor de Deus. E que um dia, possamos todos nos encontrar naquela cidade celestial, onde a glória de Deus ilumina todas as coisas e onde o Cordeiro é a lâmpada eterna.

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vocês, agora e sempre. Amém.

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