Evangelho do dia - sábado, 3 de fevereiro de 2024 - Marcos 6,30-34 - Bíblia Católica

Primeira Leitura (1Rs 3,4-13)

Leitura do Primeiro Livro dos Reis.

Naqueles dias, o rei Salomão foi a Gabaon para oferecer um sacrifício, porque esse era o lugar alto mais importante. Salomão ofereceu mil holocaustos naquele altar.

Em Gabaon, o Senhor apareceu a Salomão, em sonho, durante a noite, e lhe disse: “Pede o que desejas e eu te darei”. Salomão respondeu: “Tu mostraste grande benevolência para com teu servo Davi, meu pai, porque ele andou na tua presença com sinceridade, justiça e retidão de coração para contigo. Tu lhe conservaste esta grande benevolência, e lhe deste um filho que hoje ocupa o seu trono.

Portanto, Senhor meu Deus, tu fizeste reinar o teu servo em lugar de Davi, meu pai. Mas eu não passo de um adolescente, que não sabe ainda governar. Além disso, teu servo está no meio do teu povo eleito, povo tão numeroso que não se pode contar ou calcular. Dá, pois, a teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal. Do contrário, quem poderá governar este teu povo tão numeroso?” Esta oração de Salomão agradou ao Senhor. E Deus disse a Salomão: “Já que pediste estes dons e não pediste para ti longos anos de vida, nem riquezas, nem a morte de teus inimigos, mas sim sabedoria para praticar a justiça, vou satisfazer o teu pedido; dou-te um coração sábio e inteligente, como nunca houve outro igual antes de ti. Mas dou-te também o que não pediste, tanta riqueza e tanta glória como jamais haverá entre os reis, durante toda a tua vida.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

Evangelho (Mc 6,30-34)

— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. Ele lhes disse: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco”. Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer. Então foram sozinhos, de barco, para um lugar deserto e afastado. Muitos os viram partir e reconheceram que eram eles. Saindo de todas as cidades, correram a pé, e chegaram lá antes deles. Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

Refletindo a Palavra de Deus

Meus amados irmãos e irmãs em Cristo,

Quantas vezes nos encontramos imersos nos problemas da vida, carregando nos ombros o fardo pesado das nossas responsabilidades, ansiando por um fugaz instante de serenidade em meio ao tumulto incessante que caracteriza nosso cotidiano? Quantas vezes sentimos o peso esmagador das expectativas alheias, a pressão sufocante do trabalho que nos consome, o caos ensurdecedor das inúmeras preocupações que nos assaltam sem trégua? Parece que estamos sempre em uma corrida frenética, aprisionados pela tirania do relógio, sem sequer um breve respiro para contemplar o esplendor da vida que nos cerca.

Hoje, as Sagradas Escrituras nos brindam com um convite divino, uma chamada transcendente para encontrarmos refúgio e renovação em meio ao turbilhão da existência, para buscarmos a luz da sabedoria em meio às trevas da ignorância, para nos achegarmos ao coração amoroso de Deus mesmo nos labirintos do mundo. É nesse convite que repousa nossa esperança inabalável, nossa paz que excede todo entendimento e nossa verdadeira realização como filhos e filhas do Altíssimo.

Na leitura sagrada deste dia, somos transportados para um momento singular da história, quando o jovem e inexperiente rei Salomão se encontra diante da majestade do Senhor, confrontado com a monumentalidade da sua missão como guia e pastor do povo escolhido de Israel. Em um sonho, Deus, numa generosidade sem par, se revela ao seu servo e lhe estende um convite extraordinário: “Pede-me o que queres que eu te dê”. Imagine, caros amigos e irmãos, o Criador do Universo, o Soberano dos séculos, oferecendo a você a chance ímpar de solicitar o que quer que deseje. E, com humildade e temor, Salomão, esse jovem monarca, roga pela dádiva da sabedoria divina, a fim de conduzir os destinos do povo de Deus com justiça, discernimento e compaixão. Sua petição não apenas ecoa nos corredores celestiais, mas também ressoa através das eras, revelando-nos a importância suprema da sabedoria que provém do Alto.

Quantas vezes nos vemos diante de encruzilhadas complexas, sem saber discernir o rumo a seguir? Quantas vezes nos defrontamos com adversidades aparentemente insuperáveis, sem vislumbrar uma senda segura para prosseguir? A sabedoria almejada por Salomão não é mero acúmulo de conhecimento intelectual, mas sim a capacidade divinamente concedida de discernir entre o que é verdadeiro e o que é falso, entre o que é justo e o que é injusto, entre o que é bom e o que é maligno, à luz da vontade do Altíssimo. E essa mesma sabedoria, permeada de graça e compreensão, está ao nosso alcance, se tão somente a buscarmos com ardor, humildade e fervorosos anseios de coração.

No relato evangélico presente neste dia sagrado, somos transportados para um momento de repouso tão necessário para os discípulos de Jesus após um árduo período de dedicação incansável ao seu ministério. A imagem que se desenha é a de discípulos exaustos física e mentalmente, ansiando por um breve momento de serenidade. Eles se encontram à beira da costa, esperando por um intervalo merecido, longe da voracidade da multidão que constantemente os cercava.

Entretanto, ao alcançarem a costa, o que encontraram foi uma massa fervorosa de pessoas, ansiosas e expectantes, ávidas por um vislumbre das palavras vivificantes que só Jesus poderia proferir. A multidão parecia uma onda ansiosa, empurrando e pressionando, mas Jesus, o mestre compassivo e pastor solícito, não se esquivou nem se aborreceu. Em vez disso, Ele recebeu a multidão com um coração transbordante de compaixão, como um pai amoroso acolhe seus filhos, mesmo após um longo dia de trabalho árduo.

A visão de Jesus transcendeu as demandas imediatas do momento. Ele viu para além do cansaço físico, discernindo a fome espiritual que devorava aquelas almas sedentas de amor e esperança. Assim como o sábio rei Salomão, cuja busca pela sabedoria divina é lendária, Jesus compreendia a importância primordial de tal discernimento espiritual em meio às tribulações da vida terrena.

Caros irmãos e irmãs, num mundo onde as exigências e as pressões da vida moderna são constantes, é fácil sucumbir ao ritmo frenético e esquecer a essência da sabedoria celestial. No entanto, as Escrituras de hoje nos advertem e nos relembram que, tal como Salomão e os discípulos, nós também podemos encontrar descanso e orientação nos braços amorosos de Deus, se apenas nos abrirmos para Ele com sinceridade e humildade de coração.

Que possamos, então, seguir o exemplo do sábio Salomão, buscando prioritariamente o Reino de Deus e Sua justiça, cientes de que todas as demais coisas nos serão acrescentadas. Que nossas vidas possam refletir os passos compassivos de Jesus, acolhendo com bondade e compaixão aqueles que cruzam nosso caminho, compartilhando abundantemente o amor e a esperança que Ele nos legou.

Que possamos, por fim, abrir nossos corações e mentes para a incomparável sabedoria divina, permitindo que ela nos guie e sustente em todas as nossas jornadas terrenas. Pois, como nos recorda o salmista com eloquência, “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é entendimento”. Que assim seja em nossas vidas, hoje e para sempre. Amém.

Que assim seja. Amém.