Evangelho do dia – sábado, 31 de agosto de 2024 – Mateus 25,14-30 – Bíblia Católica

Primeira Leitura (1Cor 1,26-31).

Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios.

Irmãos, considerai vós mesmos, como fostes chamados por Deus. Pois entre vós não há muitos sábios de sabedoria humana nem muitos poderosos nem muitos nobres. Na verdade, Deus escolheu o que o mundo considera como estúpido, para assim confundir os sábios; Deus escolheu o que o mundo considera como fraco, para assim confundir o que é forte; Deus escolheu o que para o mundo é sem importância e desprezado, o que não tem nenhuma serventia, para assim mostrar a inutilidade do que é considerado importante, para que ninguém possa gloriar-se diante dele. É graças a ele que vós estais em Cristo Jesus, o qual se tornou para nós, da parte de Deus: sabedoria, justiça, santificação e libertação, para que, como está escrito, “quem se gloria, glorie-se no Senhor”.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.



Evangelho (Mateus 25,14-30).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos esta parábola: “Um homem ia viajar para o estrangeiro. Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens. A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade. Em seguida viajou. O empregado que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles, e lucrou outros cinco. Do mesmo modo, o que havia recebido dois lucrou outros dois. Mas aquele que havia recebido um só, saiu, cavou um buraco na terra, e escondeu o dinheiro do seu patrão. Depois de muito tempo, o patrão voltou e foi acertar contas com os empregados. O empregado que havia recebido cinco talentos entregou-lhe mais cinco, dizendo: ‘Senhor, tu me entregaste cinco talentos. Aqui estão mais cinco que lucrei’. O patrão lhe disse: `Muito bem, servo bom e fiel! como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!’ Chegou também o que havia recebido dois talentos, e disse: ‘Senhor, tu me entregaste dois talentos. Aqui estão mais dois que lucrei’. O patrão lhe disse: `Muito bem, servo bom e fiel! Como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. Vem participar da minha alegria!’ Por fim, chegou aquele que havia recebido um talento, e disse: `Senhor, sei que és um homem severo, pois colhes onde não plantaste e ceifas onde não semeaste. Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão. Aqui tens o que te pertence’. O patrão lhe respondeu: `Servo mau e preguiçoso! Tu sabias que eu colho onde não plantei e que ceifo onde não semeei? Então devias ter depositado meu dinheiro no banco, para que, ao voltar, eu recebesse com juros o que me pertence.’ Em seguida, o patrão ordenou: ‘Tirai dele o talento e dai-o àquele que tem dez! Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado. Quanto a este servo inútil, jogai-o lá fora, na escuridão. Ali haverá choro e ranger de dentes!'”

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.



Refletindo a Palavra de Deus

Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

Imaginem uma cena: um palco iluminado, repleto de pessoas aparentemente comuns – um pescador, um cobrador de impostos, uma dona de casa, um carpinteiro. Nada de especial à primeira vista. Mas de repente, uma luz brilhante desce sobre eles, e suas faces começam a irradiar uma beleza e uma força surpreendentes. Esta imagem captura a essência da mensagem que São Paulo nos traz em nossa primeira leitura de hoje, e que Jesus elabora de forma poderosa em Sua parábola dos talentos.

Paulo, escrevendo aos coríntios, nos diz: “Irmãos, vede bem quem sois vós, os que recebestes o chamado de Deus. Não há entre vós muitos sábios de sabedoria humana, nem muitos poderosos, nem muitos de família nobre.” Que declaração surpreendente! Paulo está essencialmente dizendo: “Olhem para vocês mesmos. Vocês não são a nata da sociedade. Não são os mais inteligentes, os mais ricos, os mais influentes.”

Mas por que Paulo está dizendo isso? Ele está tentando diminuir os coríntios? Absolutamente não! Ele está preparando o terreno para uma verdade revolucionária: “Mas o que é loucura no mundo, Deus o escolheu para confundir os sábios; e o que é fraqueza no mundo, Deus o escolheu para confundir o que é forte.”

Que inversão maravilhosa! Deus, em Sua infinita sabedoria, escolhe o que o mundo considera fraco, tolo, insignificante, e o transforma em instrumento de Sua glória. Ele pega o ordinário e o torna extraordinário. Ele pega o comum e o torna sagrado.

Pensem por um momento: quem eram os apóstolos de Jesus? Pescadores, cobradores de impostos, pessoas comuns. Não eram os líderes religiosos, não eram os eruditos, não eram a elite da sociedade. E, no entanto, foram esses homens comuns que Deus usou para virar o mundo de cabeça para baixo com a mensagem do Evangelho.

Por quê? Paulo nos dá a resposta: “a fim de que ninguém possa gloriar-se diante de Deus.” Deus escolhe o fraco para manifestar Sua força. Ele escolhe o tolo para manifestar Sua sabedoria. Ele faz isso para que fique claro que o poder vem dEle, não de nós.

Esta verdade é incrivelmente libertadora! Significa que não precisamos ser perfeitos para que Deus nos use. Não precisamos ter todos os talentos do mundo, toda a sabedoria, todo o poder. Tudo o que precisamos é estar dispostos a nos colocar nas mãos de Deus e permitir que Ele trabalhe através de nós.

E é aqui que a parábola dos talentos, em nosso Evangelho de hoje, se conecta de forma tão bela com a mensagem de Paulo. Jesus nos conta a história de um homem que, ao partir para uma viagem, confia seus bens a três servos. A um ele dá cinco talentos, a outro dois, e a outro um.

Observem que o mestre não dá a mesma quantidade a cada servo. Ele dá “a cada um conforme a sua capacidade”. Isso nos lembra que Deus conhece nossas habilidades, nossas limitações, nossos pontos fortes e fracos. Ele não espera que sejamos todos iguais ou que realizemos todos as mesmas coisas. O que Ele espera é que sejamos fiéis com o que nos foi confiado.

Os dois primeiros servos, aqueles que receberam cinco e dois talentos, imediatamente põem seus talentos para trabalhar e os duplicam. Mas o terceiro servo, aquele que recebeu um talento, o enterra no chão.

Quando o mestre retorna, ele elogia os dois primeiros servos: “Muito bem, servo bom e fiel! Foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem participar da alegria do teu senhor!” Que palavras maravilhosas! Não é isso que todos nós ansiamos ouvir de Deus no final de nossas vidas?

Mas o terceiro servo é repreendido. Não porque ele tinha menos talentos, mas porque ele não fez nada com o que lhe foi confiado. Ele deixou que o medo o paralisasse: “Senhor, eu sabia que és um homem severo… Por isso fiquei com medo e escondi o teu talento no chão.”

Quantas vezes agimos como esse terceiro servo? Quantas vezes deixamos que o medo nos paralise? Medo de falhar, medo de não ser bom o suficiente, medo de ser julgado pelos outros. E assim, enterramos nossos talentos, escondemos nossas habilidades, nos recusamos a arriscar por medo de perder.

Mas a mensagem de Jesus é clara: Deus não nos chama para sermos bem-sucedidos segundo os padrões do mundo. Ele nos chama para sermos fiéis. Ele não espera que todos nós realizemos grandes feitos que serão registrados nos livros de história. Ele espera que façamos o melhor com o que nos foi dado, seja muito ou pouco.

Lembrem-se das palavras de Paulo: “Aquele que se gloria, glorie-se no Senhor.” Nossa glória não está em nossos próprios talentos ou realizações, mas no que Deus pode fazer através de nós quando colocamos nossa vida em Suas mãos.

Então, meus queridos irmãos e irmãs, eu os desafio hoje: desenterrem seus talentos! Não importa se você acha que tem muito ou pouco para oferecer. Não importa se o mundo considera você sábio ou tolo, forte ou fraco. O que importa é que você foi escolhido por Deus. Você foi chamado por Ele. Você tem um propósito único no plano divino.

Talvez seu talento seja um sorriso acolhedor que pode iluminar o dia de alguém. Talvez seja a habilidade de ouvir com compaixão. Talvez seja um dom para ensinar, para curar, para criar. Qualquer que seja seu talento, por menor que possa parecer, use-o para a glória de Deus e para o bem dos outros.

Não deixe que o medo o paralise. Não se compare com os outros. Lembre-se: Deus não nos julga pela quantidade de talentos que temos, mas pela fidelidade com que os usamos.

Imagine o que aconteceria se cada um de nós decidisse hoje usar plenamente os talentos que Deus nos deu. Imagine o impacto que teríamos em nossas famílias, em nossa comunidade, em nosso mundo. Seríamos verdadeiramente o sal da terra e a luz do mundo que Jesus nos chama a ser.

E no final de nossas vidas, quando nos apresentarmos diante do Senhor, que possamos ouvir aquelas palavras maravilhosas: “Muito bem, servo bom e fiel! Foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem participar da alegria do teu senhor!”

Que a graça de Deus nos fortaleça, que Seu amor nos inspire, e que Seu Espírito nos guie enquanto buscamos viver fielmente, usando nossos talentos para Sua glória. Amém.


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