Evangelho do dia – segunda-feira, 26 de agosto de 2024 – Mateus 23,13-22 – Bíblia Católica

Primeira Leitura (2Ts 1,1-5.11b-12).

Início da Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses.

Paulo, Silvano e Timóteo, à Igreja dos tessalonicenses reunida em Deus nosso Pai e no Senhor Jesus Cristo: a vós, graça e paz da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo. Devemos agradecer sempre por vós, irmãos, com toda justiça, porque progredis sempre mais na fé e porque aumenta a caridade que tendes uns para com os outros. Assim, nos gloriamos nas igrejas de Deus por causa da vossa perseverança e da vossa fé em todas as perseguições e sofrimentos que suportais. Estes constituem um sinal do justo juízo de Deus, pois servem para serdes julgados dignos do reino de Deus, pelo qual também estais sofrendo. Que o nosso Deus vos faça dignos da sua vocação. Que ele, por seu poder, realize todo o bem que desejais e torne ativa a vossa fé. Assim o nome de nosso Senhor Jesus Cristo será glorificado em vós, e vós nele, em virtude da graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

Evangelho (Mateus 23,13-22).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus: “Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós fechais o Reino dos Céus aos homens. Vós porém não entrais, nem deixais entrar aqueles que o desejam. Aí de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós percorreis o mar e a terra para converter alguém, e quando o conseguis, o tornais merecedor do inferno, duas vezes pior do que vós. Ai de vós, guias cegos! Vós dizeis: ‘Se alguém jura pelo Templo, não vale; mas, se alguém jura pelo ouro do Templo, então vale!’ Insensatos e cegos! O que vale mais: o ouro ou o Templo que santifica o ouro? Vós dizeis também: ‘Se alguém jura pelo altar, não vale; mas, se alguém jura pela oferta que está sobre o altar, então vale!’ Cegos! O que vale mais: a oferta, ou o altar que santifica a oferta? Com efeito, quem jura pelo altar, jura por ele e por tudo o que está sobre ele. E quem jura pelo Templo, jura por ele e por Deus que habita no Templo. E quem jura pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está sentado”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

Refletindo a Palavra de Deus

Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

Imaginem-se caminhando por um campo vasto e aberto. À distância, vocês veem uma cidade brilhante, resplandecente, seus muros reluzindo sob o sol. Esta é a cidade de Deus, o destino final de nossa jornada de fé. Mas entre vocês e a cidade, há um terreno acidentado, cheio de obstáculos e desafios. Esta imagem captura a essência de nossas leituras de hoje – uma jornada de fé em direção a um destino glorioso, mas marcada por provações e a necessidade de integridade.

Na primeira leitura, Paulo se dirige aos Tessalonicenses com palavras de encorajamento e gratidão. “Devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos”, ele escreve. Que belo começo! Paulo reconhece o progresso espiritual desta comunidade, notando como sua fé está crescendo e como o amor entre eles está aumentando.

Mas observem: Paulo não está falando de uma fé fácil ou de um amor sem custos. Ele menciona especificamente “todas as perseguições e tribulações que suportais”. A jornada de fé dos Tessalonicenses não era um passeio no parque. Eles enfrentavam oposição, talvez até perigo físico, por causa de sua fidelidade a Cristo.

Isso nos faz refletir: como reagimos quando nossa fé é testada? Quando enfrentamos ridicularização por nossas crenças, quando nossas convicções são desafiadas, quando o caminho se torna difícil, permanecemos firmes? Paulo vê essas tribulações não como punição, mas como prova da justiça do julgamento de Deus, tornando os Tessalonicenses “dignos do Reino de Deus, pelo qual também sofreis”.

Que perspectiva radical! As dificuldades que enfrentamos por causa de nossa fé não são obstáculos a serem evitados, mas oportunidades de crescimento e refinamento. São como o terreno acidentado em nossa jornada para a cidade celestial – desafiador, sim, mas parte essencial do caminho que nos leva mais perto de Deus.

Paulo então ora para que Deus torne os Tessalonicenses “dignos da sua vocação”. Esta palavra, “dignos”, é poderosa. Não significa que devemos ganhar nossa salvação – isso é impossível e contrário ao evangelho da graça. Mas sugere que devemos viver de uma maneira que seja consistente com o chamado que recebemos, que reflita a grandeza do dom que nos foi dado em Cristo.

Agora, voltemo-nos para o Evangelho, onde encontramos Jesus em um de seus momentos mais intensos de confronto com os líderes religiosos de seu tempo. “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas!”, ele declara, em uma série de denúncias ardentes.

À primeira vista, estas palavras podem parecer duras, até mesmo impróprias na boca daquele que pregou o amor aos inimigos. Mas devemos entender que esta não é uma explosão de raiva pessoal, mas um chamado profético à integridade e à verdadeira espiritualidade.

Jesus acusa os líderes religiosos de “fechar o Reino dos céus diante dos homens”. Que acusação séria! Aqueles que deveriam estar guiando as pessoas para Deus estavam, na verdade, bloqueando o caminho. Como? Através de seu legalismo, sua hipocrisia, sua preocupação com as aparências externas em detrimento da verdadeira transformação do coração.

Jesus então aborda a questão dos juramentos, expondo a casuística complexa que os líderes haviam desenvolvido. Eles faziam distinções sutis entre jurar pelo templo ou pelo ouro do templo, pelo altar ou pela oferta sobre o altar. Mas Jesus corta através de todas essas distinções artificiais, apontando que tudo pertence a Deus e, portanto, todo juramento é, em última análise, feito diante de Deus.

O que Jesus está enfatizando aqui? A integridade absoluta. Ele está dizendo, em essência: “Que o seu ‘sim’ seja ‘sim’, e o seu ‘não’ seja ‘não’.” Não deveria ser necessário elaborar juramentos complexos para garantir nossa veracidade. Nossa palavra deveria ser suficiente, porque nosso caráter deveria ser íntegro.

Então, como aplicamos estas leituras à nossa vida hoje?

Primeiro, somos chamados a uma fé resiliente. Como os Tessalonicenses, podemos enfrentar “perseguições e tribulações” por causa de nossa fé. O mundo nem sempre entenderá ou aprovará nossas convicções. Mas somos chamados a permanecer firmes, vendo essas dificuldades não como punição, mas como oportunidades de crescimento e testemunho.

Segundo, somos desafiados a viver de maneira “digna de nossa vocação”. Isso significa alinhar nossas ações com nossas crenças, vivendo de forma que honre o chamado que recebemos em Cristo. Não para ganhar a salvação, mas em resposta grata ao dom que já recebemos.

Terceiro, somos chamados à integridade absoluta. Num mundo onde a mentira muitas vezes parece ser a norma, onde as “meias-verdades” e o “jeitinho” são frequentemente aceitos, somos desafiados a ser pessoas de palavra, cuja vida é marcada pela honestidade e transparência.

Quarto, devemos estar atentos para não nos tornarmos como os fariseus que Jesus criticou – tão preocupados com as regras e aparências externas que perdemos de vista o coração da fé. Nossa espiritualidade deve ser autêntica, centrada no amor a Deus e ao próximo, não em um legalismo vazio.

Finalmente, somos chamados a ser “porteiros” do Reino, não bloqueando o caminho para os outros, mas convidando-os a entrar. Nossa vida deve ser um testemunho atrativo da realidade do amor de Deus, não um obstáculo que afasta as pessoas da fé.

Meus queridos irmãos e irmãs, a jornada de fé que empreendemos não é fácil. Como o terreno acidentado em nossa imagem inicial, enfrentaremos desafios e dificuldades. Mas o destino – a cidade celestial, o Reino de Deus – vale cada passo dessa jornada.

Que possamos, como os Tessalonicenses, crescer continuamente em fé e amor, mesmo em meio às tribulações. Que possamos viver com integridade, sendo pessoas de palavra, cujas ações refletem consistentemente nossas crenças. E que nossa vida seja um convite aberto para outros se juntarem a nós nesta jornada rumo ao Reino de Deus.

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai, e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vocês, fortalecendo-os, guiando-os e inspirando-os em cada passo do caminho. Amém.

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