Evangelho do dia – segunda-feira, 4 de março de 2024 – Lucas 4,24-30 – Bíblia Católica

Primeira Leitura (2Rs 5,1-15a)

Leitura do Segundo Livro dos Reis.

Naqueles dias, Naamã, general do exército do rei da Síria, era um homem muito estimado e considerado pelo seu senhor, pois foi por meio dele que o Senhor concedeu a vitória aos arameus. Mas esse homem, valente guerreiro, era leproso.

Ora, um bando de arameus que tinha saído da Síria, tinha levado cativa uma moça do país de Israel. Ela ficou a serviço da mulher de Naamã. Disse ela à sua senhora: “Ah, se meu senhor se apresentasse ao profeta que reside em Samaria, sem dúvida, ele o livraria da lepra de que padece!”

Naamã foi então informar o seu senhor: “Uma moça do país de Israel disse isto e isto”. Disse-lhe o rei Aram: “Vai, que eu enviarei uma carta ao rei de Israel”. Naamã partiu, levando consigo dez talentos de prata, seis mil siclos de ouro e dez mudas de roupa. E entregou ao rei de Israel a carta, que dizia: “Quando receberes esta carta, saberás que eu te enviei Naamã, meu servo, para que o cures de sua lepra”.

O rei de Israel, tendo lido a carta, rasgou suas vestes e disse: “Sou Deus, porventura, que possa dar a morte e a vida, para que este me mande um homem para curá-lo de lepra? Vê-se bem que ele busca pretexto contra mim”. Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei de Israel havia rasgado as vestes, mandou dizer-lhe: “Por que rasgaste tuas vestes? Que ele venha a mim, para que saibas que há um profeta em Israel”.

Então Naamã chegou com seus cavalos e carros, e parou à porta da casa de Eliseu. Eliseu mandou um mensageiro para lhe dizer: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e tua carne será curada e ficarás limpo”.

Naamã, irritado, foi-se embora, dizendo: “Eu pensava que ele sairia para me receber e que, de pé, invocaria o nome do Senhor, seu Deus, e que tocaria com sua mão o lugar da lepra e me curaria. Será que os rios de Damasco, o Abana e o Fartar, não são melhores do que todas as águas de Israel, para eu me banhar nelas e ficar limpo?” Deu meia-volta e partiu indignado.

Mas seus servos aproximaram-se dele e disseram-lhe: “Senhor, se o profeta te mandasse fazer uma coisa difícil, não a terias feito? Quanto mais agora que ele te disse: ‘Lava-te e ficarás limpo”’. Então ele desceu e mergulhou sete vezes no Jordão, conforme o homem de Deus tinha mandado, e sua carne tornou-se semelhante à de uma criancinha, e ele ficou purificado.

Em seguida, voltou com toda a sua comitiva para junto do homem de Deus. Ao chegar, apresentou-se diante dele e disse: “Agora estou convencido de que não há outro Deus em toda terra, senão o que há em Israel!”

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

Evangelho (Lc 4,24-30)

— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas.

— Glória a vós, Senhor!

Jesus, vindo a Nazaré, disse ao povo na sinagoga: “Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria. De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia. E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”.

Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos. Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até o alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

Refletindo a Palavra de Deus

Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

Hoje, eu quero começar nossa reflexão com uma pergunta: quantas vezes nos encontramos diante de situações em que somos desafiados a ir além de nossas próprias expectativas? Quão dispostos estamos a sair de nossa zona de conforto e enfrentar o desconhecido? Essas são experiências comuns em nossa vida cotidiana, nas quais somos chamados a confiar em Deus e a acreditar que Ele pode nos surpreender de maneiras extraordinárias.

Nossas passagens bíblicas de hoje nos apresentam dois relatos que nos convidam a refletir sobre a importância da fé, da humildade e do desapego em nossa jornada espiritual. Na Primeira Leitura, extraída do Segundo Livro dos Reis (2Rs 5,1-15a), encontramos a história de Naamã, um comandante poderoso e respeitado, mas que sofria de uma doença incurável. Naamã ouviu falar de um profeta em Israel que poderia curá-lo, então ele se dirigiu ao rei de Israel em busca dessa cura.

Aqui, podemos ver que Naamã é confrontado com uma situação inesperada. Ele espera ser tratado com honra e respeito pelo rei de Israel, mas, em vez disso, é enviado ao profeta Eliseu. Naamã fica indignado e relutante em seguir as instruções de Eliseu, que lhe pede para mergulhar sete vezes no rio Jordão para ser curado.

Essa demanda aparentemente simples é um teste para a fé de Naamã. Ele esperava uma solução grandiosa e espetacular para sua doença, mas, em vez disso, recebe uma instrução humilde e aparentemente insignificante. No entanto, Naamã decide confiar em Deus e obedecer às palavras de Eliseu. Ele mergulha no rio Jordão sete vezes e é completamente curado.

Essa história nos lembra que a fé em Deus muitas vezes nos chama a agir de maneiras que não compreendemos totalmente. Pode ser difícil confiar em Deus quando Ele nos chama a fazer algo que parece ilógico ou insignificante. Mas é nessas situações que somos convidados a exercitar nossa fé e acreditar que Deus está agindo, mesmo quando não compreendemos totalmente Seus caminhos.

Naamã, ao mergulhar sete vezes no rio Jordão, também nos ensina sobre a importância da humildade e do desapego. Ele teve que abandonar suas próprias expectativas e ideias preconcebidas para abraçar a vontade de Deus. Ele teve que deixar de lado seu orgulho e confiar humildemente nas instruções de Eliseu. E é através dessa humildade e desapego que ele experimenta a cura e a transformação em sua vida.

Essa história nos convida a refletir sobre nossa própria vida e nossa resposta à chamada de Deus. Quantas vezes somos como Naamã, resistindo a confiar em Deus e em Suas instruções por causa de nosso orgulho, nossa necessidade de controle ou nossas próprias expectativas? Como podemos aprender a ser humildes e desapegados, confiando que Deus está agindo em nossas vidas, mesmo quando os caminhos Dele parecem desconhecidos e inesperados?

Essas perguntas nos levam ao Evangelho de Lucas (Lc 4,24-30), onde encontramos outro exemplo poderoso de como a fé e a humildade são fundamentais em nossa jornada espiritual. Nesse trecho, Jesus está em sua cidade natal de Nazaré, e as pessoas que o conheciam desde sua infância estão maravilhadas com os ensinamentos e os milagres que Ele realizou em outras cidades.

No entanto, quando Jesus começa a falar sobre a necessidade de fé e conversão, a multidão fica indignada. Eles não conseguem aceitar a ideia de que Jesus, um homem comum que eles conheciam desde criança, poderia ser o Messias prometido. Eles não conseguem superar suas próprias expectativas e preconceitos para reconhecer a presença de Deus diante deles.

Jesus então lhes conta duas histórias do Antigo Testamento, nas quais Deus agiu em favor dos estrangeiros em vez deseus próprios compatriotas. Ele lembra a multidão de como Deus enviou o profeta Elias para uma viúva estrangeira em Sarepta e o profeta Eliseu para curar Naamã, o sírio. Essas histórias são um lembrete poderoso de que Deus não está limitado a uma nação ou a um grupo específico de pessoas. Ele age e se revela a todos, independentemente de sua origem ou status social.

Essas histórias desafiam a multidão a superar suas próprias limitações e abrir seus corações para a verdade que está diante deles. No entanto, em vez de se arrependerem e abraçarem a mensagem de Jesus, eles ficam enfurecidos e tentam até mesmo jogá-lo de um precipício. Eles não conseguem aceitar a ideia de que Deus está agindo de uma maneira que não se encaixa em suas próprias expectativas e tradições.

Essa reação da multidão nos faz refletir sobre como também podemos ser limitados em nossa compreensão de Deus e em nossa capacidade de aceitar Sua vontade em nossas vidas. Muitas vezes, queremos que Deus se encaixe em nossas próprias ideias e expectativas, em vez de nos abrirmos para receber Sua verdade e Sua graça. Podemos ficar presos em tradições e rotinas religiosas, esquecendo-nos de que Deus está sempre nos surpreendendo e nos chamando a ir além de nossas próprias limitações.

Queridos irmãos e irmãs, à luz dessas passagens bíblicas, quero desafiá-los a refletir sobre sua própria vida e sua resposta à chamada de Deus. Onde vocês estão resistindo à Sua vontade por causa de suas próprias expectativas e limitações? Onde vocês estão se agarrando a ideias preconcebidas e tradições, em vez de abrir seus corações para a ação surpreendente de Deus?

Deus está constantemente nos convidando a confiar Nele, a sermos humildes e desapegados, a deixar de lado nossas próprias expectativas e nos abrir para Sua graça e Sua vontade. Ele nos chama a ir além de nossas próprias limitações e a abraçar a verdade que Ele nos revela, mesmo quando ela vai contra nossas tradições e conceitos preestabelecidos.

Assim como Naamã, somos chamados a confiar em Deus e a obedecer às Suas instruções, mesmo quando elas parecem insignificantes ou difíceis de entender. Somos chamados a abandonar nosso orgulho e nossa necessidade de controle, e a nos submeter humildemente à vontade de Deus. É nessa entrega e confiança que encontraremos cura e transformação em nossas vidas.

Assim como a multidão em Nazaré, somos desafiados a superar nossas próprias limitações e preconceitos para reconhecer a presença de Deus em nossa vida diária. Ele está agindo de maneiras inesperadas e surpreendentes, e devemos estar dispostos a abrir nossos corações e mentes para receber Sua verdade e Sua graça.

Queridos irmãos e irmãs, que essa reflexão nos inspire a renovar nossa fé em Deus e a confiar em Suas promessas, mesmo quando tudo ao nosso redor parece incerto. Que possamos ser humildes e desapegados, dispostos a abandonar nossas próprias expectativas e tradições para abraçar a vontade de Deus. E que possamos ser abertos e receptivos à ação de Deus em nossas vidas, prontos para sermos transformados por Sua graça e Seu amor.

Que a graça de Deus esteja com todos vocês. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

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