Evangelho do dia - sexta-feira, 10 de janeiro de 2025 - Lucas 5,12-16 - Bíblia Católica

Primeira Leitura (1 João 5,5-13).

Leitura da Primeira Carta de São João.

Caríssimos, quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? Este é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo. (Não veio somente com a água, mas com a água e o sangue). E o Espírito é que dá testemunho, porque o Espírito é a Verdade. Assim, são três que dão testemunho: o Espírito, a água e o sangue; e os três são unânimes. Se aceitamos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior. Este é o testemunho de Deus, pois ele deu testemunho a respeito de seu Filho. Aquele que crê no Filho de Deus tem este testemunho dentro de si. Aquele que não crê em Deus faz dele um mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus deu a respeito de seu Filho. E o testemunho é este: Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho, não tem a vida. Eu vos escrevo estas coisas a vós que acreditastes no nome do Filho de Deus, para que saibais que possuís a vida eterna.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

Evangelho (Lucas 5,12-16).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas.

— Glória a vós, Senhor.

Aconteceu que Jesus estava numa cidade, e havia aí um homem leproso. Vendo Jesus, o homem caiu a seus pés, e pediu: “Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar”. Jesus estendeu a mão, tocou nele, e disse: “Eu quero, fica purificado.” E, imediatamente, a lepra o deixou. E Jesus recomendou-lhe: “Não digas nada a ninguém. Vai mostrar-te ao sacerdote e oferece pela purificação o prescrito por Moisés como prova de tua cura”. Não obstante, sua fama ia crescendo, e numerosas multidões acorriam para ouvi-lo e serem curadas de suas enfermidades. Ele, porém, se retirava para lugares solitários e se entregava à oração.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

Refletindo a Palavra de Deus

Meus irmãos e irmãs em Cristo, hoje a Palavra de Deus nos traz uma mensagem de esperança, cura e confiança. Nas leituras de hoje, ouvimos sobre a fé verdadeira, a confiança em Jesus e o poder transformador da graça de Deus. Com elas, somos desafiados a olhar para nossa própria vida e refletir sobre como temos nos aproximado de Cristo e como a nossa fé tem nos impulsionado a viver de maneira mais autêntica e radical.

Comecemos com a Primeira Leitura, da Primeira Carta de São João. O apóstolo nos fala sobre a fé que vence o mundo: “Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” (1Jo 5,5). Aqui, São João nos apresenta uma reflexão profunda sobre a nossa fé. Não estamos falando de uma fé qualquer, mas de uma fé que tem o poder de superar as dificuldades da vida, as lutas diárias e até mesmo as forças do mal que tentam nos afastar de Deus.

A fé que vence o mundo é aquela que reconhece Jesus como o Filho de Deus, Aquele que veio ao mundo para nos salvar. Mas o que significa vencer o mundo? O mundo, em sua essência, é um sistema que nos seduz com suas promessas vazias – riquezas, poder, status – e nos distancia de Deus. No entanto, a fé em Jesus nos oferece algo muito maior: a verdadeira vida, a paz que o mundo não pode oferecer, a esperança que não se extingue.

São João nos lembra que a nossa fé não é uma fé cega, mas uma fé fundamentada na certeza do testemunho de Deus. Ele fala sobre o testemunho do Espírito, da água e do sangue, três elementos que nos garantem que Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus. O Espírito, que nos ilumina e nos guia; a água, que simboliza o Batismo, que nos purifica e nos dá uma nova vida; e o sangue, que nos fala do sacrifício de Jesus na cruz, pela nossa salvação.

Com esses sinais, podemos ter plena confiança no testemunho de Deus, que nos dá a vida eterna. E, como João nos ensina, “a vida eterna está no Filho”. Jesus é a chave para a vida eterna, Ele é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14,6). Às vezes, a vida nos apresenta desafios que podem nos fazer questionar a nossa fé, mas o evangelho de hoje nos mostra que é justamente em Jesus que encontramos a cura e a salvação que tanto precisamos.

Agora, vamos ao evangelho de Lucas, onde encontramos um momento de grande compaixão e poder. Jesus encontra um homem cheio de lepra, um leproso que, como todos os outros, era excluído da sociedade. Ele vivia afastado dos outros, impuro, isolado. Mas, naquele momento, ele vê em Jesus a esperança. Ele se aproxima de Jesus e, com coragem, diz: “Senhor, se queres, podes purificar-me” (Lc 5,12).

Essa frase do leproso é poderosa. Ele não duvida da capacidade de Jesus. Ele sabe que Jesus tem o poder de curá-lo. Mas, ao mesmo tempo, ele reconhece que a cura depende da vontade de Cristo. Ele se coloca nas mãos de Jesus, sem reservas, sem exigências. E o que acontece? Jesus, movido de compaixão, toca o leproso e diz: “Eu quero. Fica curado” (Lc 5,13). O leproso é curado instantaneamente. A lepra, símbolo do pecado e da exclusão, é removida e o homem é restaurado à vida.

Esse gesto de Jesus é profundamente significativo. A lepra não só isolava fisicamente a pessoa, mas também a excluía socialmente e religiosamente. Jesus, ao tocar o leproso, quebra as barreiras de exclusão e nos ensina a importância da compaixão e da inclusão. O toque de Jesus é um toque de cura, mas também de aceitação. Ele nos mostra que ninguém está fora do alcance de Sua misericórdia, por mais sujos ou indignos que possamos nos sentir.

O que podemos aprender com este gesto de Jesus? Primeiro, é importante reconhecer que, assim como o leproso, todos nós temos nossas próprias “lepras”. Talvez não sejam físicas, mas são espirituais ou emocionais – nossas feridas internas, nossos pecados, nossas angústias, nossas dúvidas. E, como o leproso, precisamos reconhecer que só Jesus tem o poder de nos curar e de restaurar nossa dignidade. Muitas vezes, nos afastamos de Deus porque nos sentimos indignos ou rejeitados. No entanto, a Palavra de Deus nos ensina que nunca estamos fora do alcance do amor de Jesus.

Em segundo lugar, é crucial entender que a cura que Jesus oferece vai além do físico. Ele não apenas cura o corpo do leproso, mas também o reintegra à sociedade, devolve-lhe o valor e a dignidade que a sociedade lhe havia tirado. Quando Jesus nos cura, Ele também nos transforma profundamente, nos chama para uma vida nova, para viver em comunidade, para ser parte de Sua família.

Uma vez curado, o leproso é instruído por Jesus a não contar a ninguém, mas a apresentar-se ao sacerdote e oferecer pela sua purificação o que Moisés havia prescrito. Este ato de obedecer à Lei de Moisés era uma forma de confirmar sua cura e restabelecer sua inserção na sociedade. No entanto, o homem, cheio de alegria e gratidão, não consegue se conter e começa a espalhar a notícia. Ele estava tão transformado que não poderia mais viver da mesma forma. A boa notícia que ele recebeu se espalhou, assim como o testemunho de todos nós, quando somos tocados pela graça de Deus.

Agora, voltemos para nossa própria vida. Assim como o leproso, também temos nossas feridas e limitações. Talvez nossas “lepras” sejam mais internas – sentimentos de inferioridade, remorso, traumas passados ou até mesmo o peso de nossos pecados. Jesus nos chama hoje para nos aproximarmos d’Ele com a mesma confiança do leproso, dizendo: “Senhor, se queres, podes purificar-me”. Ele está pronto para nos tocar e nos curar, para nos dar uma nova vida.

Portanto, a pergunta que devemos nos fazer é: estamos dispostos a nos aproximar de Jesus com confiança, sem medo de nossas imperfeições e pecados? Estamos dispostos a aceitar o Seu toque transformador e permitir que Ele nos cure, nos purifique e nos reintegre à Sua família?

Talvez o convite de hoje seja para irmos além das nossas zonas de conforto, para buscar uma transformação verdadeira, sem esconder nada diante de Deus. Não há lepra espiritual grande demais para Jesus curar. Não importa quão distante ou afastados de Deus possamos nos sentir, Ele sempre está pronto para nos tocar e nos dar uma nova oportunidade de vida.

Por fim, assim como o leproso, após sermos tocados por Cristo, somos chamados a compartilhar o que recebemos. Não podemos guardar para nós mesmos o poder transformador da graça de Deus. Quando somos curados, restaurados e renovados, nossa vida passa a ser um testemunho vivo do amor de Deus. Como o leproso, devemos espalhar a boa notícia da misericórdia de Jesus, para que outros também possam experimentar a cura e a transformação que vêm d’Ele.

Vamos terminar com uma oração: Senhor Jesus, agradecemos Teu toque curador e a Tua misericórdia infinita. Reconhecemos que somos pecadores, mas confiamos em Teu poder de nos purificar e nos transformar. Toca-nos, Senhor, com Teu amor e nos dá a coragem de viver como testemunhas da Tua graça. Que possamos levar aos outros a boa notícia do Teu amor e da Tua salvação. Amém.

Que, ao sairmos desta celebração, possamos viver com a confiança de que em Jesus encontramos cura, restauração e vida eterna. Que nossa fé em Cristo nos leve a vencer o mundo e a viver como verdadeiros filhos e filhas de Deus.