Evangelho do dia - sexta-feira, 9 de agosto de 2024 - Mateus 16,24-28 - Bíblia Católica

Primeira Leitura (Naum 2,1.3.3,1-3.6-7)

Leitura da Profecia de Naum.

“Eis sobre os montes os passos de um mensageiro, que anuncia a paz. Ó Judá, celebra tuas festas, cumpre tuas promessas: nunca mais Belial pisará teu solo; ele foi aniquilado. O Senhor há de restaurar a grandeza de Jacó, assim como a grandeza de Israel, pois os ladrões os saquearam e devastaram suas videiras. 3,Ai de ti, cidade sanguinária, cheia de imposturas, cheia de espoliação e de incessante rapinagem. Estalo de chicotes, fragor de rodas, cavalos relinchando, ringir de carros impetuosos, cavaleiros à carga, espadas brilhando e lanças reluzentes, trucidados sem conta, mortos aos montes; cadáveres sem fim, tropeça-se sobre os corpos. Farei cair sobre ti tuas abominações, e te lançarei em rosto merecidos insultos; de ti farei um exemplo. Assim, todos os que te virem, fugirão para longe, dizendo: ‘Nínive está em ruínas! Quem terá compaixão dela? Onde achar quem a console?'”

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

Evangelho (Mateus 16,24-28)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Mateus.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, Jesus disse aos discípulos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. De fato, que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro mas perder a sua vida? O que poderá alguém dar em troca de sua vida? Porque o Filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a sua conduta. Em verdade vos digo: Alguns daqueles que estão aqui não morrerão antes de verem o Filho do Homem vindo com o seu Reino”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

Refletindo a Palavra de Deus

Meus queridos irmãos e irmãs em Cristo,

Que imagens poderosas são essas que as leituras de hoje nos apresentam! O profeta Naum descreve uma cena de destruição – uma cidade sitiada, bombardeada, seu esplendor reduzido a escombros. E no Evangelho, Jesus nos fala de negar a nós mesmos, carregar nossa cruz e perder nossa vida. Parece um cenário de caos e dor. Mas, na verdade, estas palavras carregam uma mensagem de esperança e transformação.

Comecemos com a profecia de Naum. Ele vê a cidade de Nínive, outrora tão gloriosa e imponente, sendo despedaçada. Ela é comparada a “uma poça d’água no dia do dilúvio”. Que contraste impressionante! De um momento para outro, o que parecia inabalável é varrido pela torrente da justiça de Deus.

Mas por que Deus age assim? Por que Ele permite que Sua própria criação seja destruída de forma tão violenta? A resposta está no caráter de Nínive. Essa cidade representava tudo o que era oposto aos caminhos de Deus – a crueldade, a opressão, a injustiça. Ela era um símbolo do mal que precisa ser confrontado e derrotado.

Meus amados, essa profecia não é apenas um relato histórico distante. Ela é um lembrete sobre a necessidade de confrontarmos o mal em nossas próprias vidas e na sociedade que nos cerca. Quantas vezes fechamos os olhos para a injustiça, acomodando-nos em nosso próprio conforto? Quantas vezes negligenciamos nosso chamado de sermos sal e luz neste mundo?

Assim como Nínive, há muito que precisa ser destruído em nós e em nosso mundo. Não as criações de Deus, mas os impérios do mal que levantam seus muros de orgulho e opressão. Não a beleza da vida, mas os ídolos que roubam de nós a verdadeira adoração a Deus.

É por isso que Jesus nos fala com tanta urgência no Evangelho de hoje. “Se alguém quiser vir atrás de mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.” Essas não são palavras para serem tomadas levianamente. Elas exigem uma transformação radical em nossa forma de pensar e viver.

Renunciar a si mesmo – Isto significa abdicar de nosso egoísmo, de nossa sede por poder e controle. É deixar para trás o falso eu construído por nossos desejos e ambições, para que possamos vestir o novo ser criado à imagem de Cristo.

Tomar a sua cruz – Isto não se trata apenas de aceitar passivamente o sofrimento. É escolher conscientemente carregar o peso da fidelidade a Deus, mesmo quando isso nos custa conforto, aceitação ou até mesmo segurança. É estar disposto a morrer para nós mesmos, para que possamos viver para Cristo.

Me seguir – Isto não é simplesmente imitar Jesus de longe. É um chamado a uma jornada de discipulado, na qual abandonamos nossa própria agenda e nos entregamos completamente à Sua liderança. É deixar que Ele seja o Senhor de nossa vida, seguindo Seus passos mesmo quando o caminho é árduo.

Essa é uma grande exigência, meus amados. Não é de admirar que Jesus advirta: “Quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará.”

Mas não nos enganemos – essa “perda” não é um fim em si mesmo. É o caminho para a verdadeira vida. É a morte do ego que leva ao nascimento do novo ser em Cristo. É o sofrimento que dá à luz a glória.

Pois, como nos lembra Jesus, “o Filho do Homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um segundo as suas obras.” Naquele dia, os que se negaram a si mesmos, carregaram sua cruz e seguiram a Jesus serão recompensados. Aqueles que se agarraram desesperadamente à sua própria vida descobrirão que a perderam.

Agora, talvez você esteja se perguntando: “Como posso ter a força para empreender essa jornada difícil?” Meus amados, a resposta está na mesma passagem do Evangelho. Jesus não nos deixa sozinhos nesta empreitada. Ele promete que alguns dos que estão presentes “não provarão a morte até verem o Filho do Homem vindo em seu Reino.”

O que significa isso? Significa que, mesmo antes da plenitude da recompensa final, Deus nos dará vislumbres de Sua glória, antecipações do Reino que está por vir. Talvez seja um momento de profunda comunhão com Ele durante a oração. Talvez seja a alegria inesperada no meio do sofrimento. Talvez seja a renovação de sua força interior quando tudo parece perder-se.

Estes são os “oásis” que Deus nos concede, para nos lembrar de que Sua presença e Seu poder estão conosco, mesmo quando o caminho é árduo. É como Naum descreve Deus: “O Senhor é bom, ele é um refúgio no dia da angústia; ele conhece aqueles que nele confiam.”

Meus queridos irmãos e irmãs, o mundo hoje parece estar em chamas, como a cidade de Nínive. As forças do mal parecem imperar, e muitas vezes nos sentimos impotentes diante delas. Mas não percamos a esperança!

Deus levantará Seus servos, aqueles que estão dispostos a negar a si mesmos, carregar sua cruz e seguir a Jesus. Eles serão Seus instrumentos para confrontar o mal, derrubando os “impérios” que oprimem e destruir os ídolos que seduzem a humanidade.

E quando essa obra de julgamento e purificação estiver concluída, veremos a glória de Deus manifestar-se plenamente. Aqueles que perderam a vida por amor a Cristo a encontrarão em toda a sua plenitude. Aqueles que carregaram sua cruz serão revestidos com a majestade do Reino de Deus.

Portanto, meus amados, não tenham medo. Não fujam do chamado de Jesus. Ao invés disso, abracem-no com alegria e determinação. Renunciem a si mesmos, carreguem sua cruz e sigam atrás Dele. Pois Ele lhes promete que, mesmo que o mundo os odeie e os persiga, Ele será seu refúgio e sua força.

E quando chegarem ao final da jornada, ouvirão as doces palavras do Mestre: “Muito bem, servo bom e fiel! Foste fiel no pouco, eu te confiarei muito. Vem participar da alegria do teu Senhor!”

Que a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vocês. Amém.