Evangelho do dia – terça-feira, 30 de janeiro de 2024 – Marcos 5,21-43 – Bíblia Católica

Primeira Leitura (2Sm 18,9-10.14b.24-25a.30-19,3)

Leitura do Segundo Livro de Samuel.

Naqueles dias, Absalão encontrou-se por acaso na presença dos homens de Davi. Ia montado numa mula e esta meteu-se sob a folhagem espessa de um grande carvalho. A cabeça de Absalão ficou presa nos galhos da árvore, de modo que ele ficou suspenso entre o céu e a terra, enquanto a mula em que ia montado passou adiante.

Alguém viu isto e informou Joab, dizendo: “Vi Absalão suspenso num carvalho”. Joab tomou então três dardos e cravou-os no peito de Absalão. Davi estava sentado entre duas portas da cidade. A sentinela que tinha subido ao terraço da porta, sobre a muralha, levantou os olhos e divisou um homem que vinha correndo, sozinho.

Pôs-se a gritar e avisou o rei, que disse: “Se ele vem só, traz alguma boa nova”. O rei disse-lhe: “Passa e espera aqui”. Tendo ele passado e estando no seu lugar, apareceu o etíope e disse: “Trago-te, senhor meu rei, a boa nova: O Senhor te fez justiça contra todos os que se tinham revoltado contra ti”.

O rei perguntou ao etíope: “Vai tudo bem para o jovem Absalão?” E o etíope disse: “Tenham a sorte deste jovem os inimigos do rei, meu senhor, e todos os que se levantam contra ti para te fazer o mal!”

Então o rei estremeceu, subiu para a sala que está acima da porta e caiu em pranto. Dizia entre soluços: “Meu filho Absalão! Meu filho, meu filho Absalão! Por que não morri eu em teu lugar? Absalão, meu filho, meu filho!”

Anunciaram a Joab que o rei estava chorando e lamentando-se por causa do filho. Assim, a vitória converteu-se em luto, naquele dia, para todo o povo, porque o povo soubera que o rei estava acabrunhado de dor por causa de seu filho.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.



Evangelho (Mc 5,21-43)

— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo São Marcos.

— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, Jesus atravessou de novo, numa barca, para a outra margem. Uma numerosa multidão se reuniu junto dele, e Jesus ficou na praia. Aproximou-se, então, um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Quando viu Jesus, caiu a seus pés, e pediu com insistência: “Minha filhinha está nas últimas. Vem e põe as mãos sobre ela, para que ela sare e viva!”

Jesus então o acompanhou. Numerosa multidão o seguia e comprimia. Ora, achava-se ali uma mulher que, há doze anos, estava com hemorragia; tinha sofrido nas mãos de muitos médicos, gastou tudo o que possuía, e, em vez de melhorar, piorava cada vez mais.

Tendo ouvido falar de Jesus, aproximou-se dele por detrás, no meio da multidão, e tocou na sua roupa. Ela pensava: “Se eu ao menos tocar na roupa dele, ficarei curada”. A hemorragia parou imediatamente, e a mulher sentiu dentro de si que estava curada da doença. Jesus logo percebeu que uma força tinha saído dele. E, voltando-se no meio da multidão, perguntou: “Quem tocou na minha roupa?” Os discípulos disseram: “Estás vendo a multidão que te comprime e ainda perguntas: ‘Quem me tocou’?”

Ele, porém, olhava ao redor para ver quem havia feito aquilo. A mulher, cheia de medo e tremendo, percebendo o que lhe havia acontecido, veio e caiu aos pés de Jesus, e contou-lhe toda a verdade. Ele lhe disse: “Filha, a tua fé te curou. Vai em paz e fica curada dessa doença”.

Ele estava ainda falando, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, e disseram a Jairo: “Tua filha morreu. Por que ainda incomodar o mestre?” Jesus ouviu a notícia e disse ao chefe da sinagoga: “Não tenhas medo. Basta ter fé!” E não deixou que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e seu irmão João. Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu a confusão e como estavam chorando e gritando.

Então, ele entrou e disse: “Por que essa confusão e esse choro? A criança não morreu, mas está dormindo”. Começaram então a caçoar dele. Mas, ele mandou que todos saíssem, menos o pai e a mãe da menina, e os três discípulos que o acompanhavam. Depois entraram no quarto onde estava a criança. Jesus pegou na mão da menina e disse: “Talitá cum” — que quer dizer: “Menina, levanta-te!” Ela levantou-se imediatamente e começou a andar, pois tinha doze anos. E todos ficaram admirados. Ele recomendou com insistência que ninguém ficasse sabendo daquilo. E mandou dar de comer à menina.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.



Refletindo a Palavra de Deus

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, que a paz do Senhor esteja convosco. Hoje, somos chamados a refletir sobre as Escrituras Sagradas, que nos oferecem luz e orientação para nossas vidas. Em meio às nossas jornadas diárias, somos convidados a mergulhar nas passagens bíblicas da Primeira Leitura (2Sm 18,9-10.14b.24-25a.30-19,3) e do Evangelho (Mc 5,21-43). Estas palavras divinamente inspiradas nos revelam lições profundas e significativas que podem iluminar nossos corações e guiar nossos passos.

Hoje, gostaria de começar nossa reflexão com uma imagem que todos nós experimentamos em algum momento de nossas vidas: a jornada pela escuridão. Quem aqui nunca se sentiu perdido na escuridão, seja ela literal ou metafórica? Muitas vezes, nossas vidas podem parecer como a noite escura descrita na Primeira Leitura. Davi, o homem segundo o coração de Deus, enfrentou batalhas e desafios que o levaram a caminhar por terras sombrias. O relato nos fala da angústia de um pai que, mesmo diante da rebeldia de seu filho Absalão, desejava profundamente sua segurança e bem-estar.

E quantas vezes nós, como filhos e filhas de Deus, nos encontramos em situações semelhantes? Na escuridão da incerteza, no desespero da perda, na tristeza do pecado, clamamos por uma luz que nos guie. No entanto, é essencial lembrar que mesmo nas sombras mais densas, a misericórdia divina está presente. Assim como Davi, que, mesmo abatido pela notícia da morte de seu filho, reconheceu a força da graça de Deus ao dizer: “Bendito seja o Senhor, que livrou meu filho da conspiração”.

A Primeira Leitura nos lembra de que, em meio às adversidades, Deus está trabalhando silenciosamente em nossas vidas. Mesmo quando não compreendemos totalmente o propósito de nossas dores, podemos confiar na fidelidade do Senhor. As trevas não prevalecerão, pois a luz da esperança divina sempre brilha em nossos corações.

Entretanto, não podemos permanecer apenas na contemplação da escuridão. Precisamos nos voltar para o Evangelho, que nos apresenta dois episódios extraordinários, repletos de cura e restauração. A narrativa de Jairo, líder da sinagoga, e a mulher com hemorragia revela a poderosa intervenção de Jesus nas vidas daqueles que O buscam com fé.

Imaginem a cena: Jairo, um homem respeitável, líder na comunidade, desesperadamente procurando por Jesus para que Ele cure sua filha doente. Enquanto isso, uma mulher enfrentando dores crônicas, após tocar nas vestes de Jesus, experimenta uma cura instantânea. Jesus, conhecendo todas as nossas aflições, chama a mulher de “filha” e a encoraja a seguir em paz, sem medo.

Essas histórias nos convidam a refletir sobre nossa própria busca por cura e restauração. Muitas vezes, enfrentamos desafios que nos parecem impossíveis de superar. No entanto, a Palavra de Deus nos assegura que, ao tocar as vestes do Senhor com fé, experimentaremos a Sua graça transformadora. Assim como a mulher com hemorragia, somos chamados a nos aproximar de Jesus, confiantes em Sua capacidade de restaurar o que está quebrado em nós.

E, enquanto caminhamos nessa jornada de fé, devemos lembrar que a cura vai além do aspecto físico. Jesus se preocupa profundamente com nossa restauração espiritual e emocional. Ele não apenas curou a mulher externamente, mas também a reconectou com a comunidade ao chamá-la de “filha”. Este é um lembrete poderoso de que, em Cristo, somos acolhidos como filhos e filhas amados de Deus.

A intercessão de Jairo por sua filha, aparentemente sem esperança, também nos ensina sobre a importância de persistir na oração, mesmo quando tudo parece perdido. Em meio à morte iminente, Jesus oferece palavras que transcendem o desespero: “A menina não está morta, mas dorme”. Com uma fé corajosa, Jairo e sua esposa testemunham o poder de Cristo, que ressuscita a menina.

Quantas vezes desistimos diante das adversidades, esquecendo-nos de que serve a um Deus capaz de transformar até mesmo a morte em vida? A história de Jairo nos lembra que a esperança não é perdida, mesmo nos momentos mais sombrios. Se confiarmos em Jesus, que é a Ressurreição e a Vida, Ele pode transformar nossas situações aparentemente sem vida em experiências de renovação e renascimento.

Caros irmãos e irmãs, as Escrituras que contemplamos hoje são convites para aprofundarmos nossa fé e confiança em Deus. Na escuridão da noite, confiemos que Deus está trabalhando em nossas vidas, assim como fez com Davi. Ao tocar as vestes de Jesus, abramos nossos corações para a cura e restauração que Ele deseja nos oferecer, assim como fez com a mulher com hemorragia. E, mesmo diante da morte aparente, perseveremos na esperança, lembrando-nos de que Jesus é capaz de ressuscitar o que parece estar perdido, como vimos na história de Jairo e sua filha.

Ao refletirmos sobre essas passagens, somos desafiados a aplicar essas verdades espirituais em nossas vidas diárias. Aquilo que aprendemos na Palavra de Deus não deve ser apenas conhecimento teórico, mas uma realidade vivida. Como podemos, então, tornar tangíveis esses princípios em nossas vidas cotidianas?

Primeiramente, devemos cultivar uma fé perseverante. Assim como Jairo persistiu na busca por Jesus, mesmo quando a situação parecia sem esperança, devemos manter uma confiança constante em Deus, sabendo que Ele é o Senhor de todas as circunstâncias. A oração persistente é uma expressão poderosa de nossa fé, conectando-nos ao Deus que ouve e responde.

Além disso, ao considerarmos a história da mulher com hemorragia, somos desafiados a reconhecer a necessidade de nos aproximarmos de Jesus com humildade e fé. Muitas vezes, nossa busca por soluções vem carregada de preocupações e ansiedades. No entanto, a simples e humilde confiança na capacidade de Jesus de nos curar e restaurar é o que Ele busca em nós. Que possamos abandonar nossas inseguranças e nos aproximarmos d’Ele com um coração aberto, como fez a mulher na multidão.

A cura e a restauração também envolvem a integração na comunidade. A mulher com hemorragia, após ser curada, foi chamada por Jesus de “filha” e encorajada a seguir em paz. A cura não é apenas individual, mas nos conecta novamente à comunidade da fé. Devemos, portanto, buscar ativamente participar da vida da Igreja, compartilhando nossas experiências de fé e encorajando uns aos outros na jornada espiritual.

Por último, a história de Jairo nos lembra que o poder de Jesus transcende as circunstâncias aparentemente sem esperança. Ele é o Senhor sobre a vida e a morte. Diante dos desafios da vida, devemos confiar que, em Cristo, encontramos a verdadeira esperança que não decepciona. Independentemente das situações que enfrentamos, nossa confiança está na Ressurreição e na Vida, que é capaz de transformar o impossível em possível.

Queridos irmãos e irmãs, que essas verdades espirituais não permaneçam apenas como palavras, mas se tornem realidades vivas em nossas vidas. Que a fé perseverante, a humilde confiança em Jesus, a integração na comunidade e a esperança na Ressurreição guiem nossos passos diários.

Ao encerrar nossa reflexão, convido a cada um de vocês a reservar um momento de silêncio. Que possamos, neste instante, abrir nossos corações diante de Deus, permitindo que Sua luz ilumine qualquer escuridão que possa existir em nossas vidas. Que o Espírito Santo nos inspire a viver de acordo com as verdades que refletimos hoje.

Querido Senhor, agradecemos por Tua Palavra que nos guia e ilumina. Pedimos a Tua graça para vivermos de maneira que reflita a fé, a confiança e a esperança que encontramos em Ti. Que, como comunidade, possamos caminhar juntos em direção à plenitude de vida que Tu desejas para nós. Em nome de Jesus Cristo, nosso Senhor, oramos. Amém.

Que a graça, o amor e a esperança de Deus estejam sempre conosco. Amém!


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