583. Como é possível invocar a Deus como «Pai»?

Podemos invocar o «Pai», porque Ele nos foi revelado por seu Filho feito homem e porque o seu Espírito no-Lo faz conhecer. A invocação do Pai introduz-nos no seu mistério com uma admiração sempre nova e suscita em nós o desejo dum comportamento filial. Ao rezar a oração do Senhor estamos conscientes de sermos filhos no Filho do eterno Pai.


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Parágrafo 2779

2779.Antes de fazermos nosso este primeiro impulso da oração do Senhor, convém purificar humildemente o nosso coração de certas falsas imagens «deste mundo».A humildadefaz-nos reconhecer que «ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho Se dignar revelá-Lo», quer dizer «os pequeninos»(Mt11, 25-27).Apurificaçãodo coração refere-se às imagens paternas ou maternas provenientes da nossa história pessoal e cultural, que influenciam o nosso relacionamento com Deus. É que Deus, nosso Pai, transcende as categorias do mundo criado. Transpor para Ele ou contra Ele, as nossas ideias neste domínio, seria fabricar ídolos, a adorar ou a derrubar. Orar ao Pai é entrar no seu mistério, tal como Ele é e tal como o Filho no-Lo revelou:

«A expressãoDeus Painunca tinha sido revelada a ninguém. Quando o próprio Moisés perguntou a Deus quem era, ouviu um nome diferente. A nós, este nome foi revelado no Filho; porque este nome (de Filho) implica o nome de Pai» (23).

Parágrafo 2780

2780.Nós podemos invocar Deus como «Pai», porqueEle nos foi reveladopelo seu Filho feito homem e porque o seu Espírito no-Lo faz conhecer. A relação pessoal do Filho com o Pai (24), que o homem não pode conceber nem os poderes angélicos podem entrever, eis que o Espírito do Filho nos faz participar dela, a nós que cremos que Jesus é o Cristo e que nascemos de Deus (25).

Parágrafo 2781

2781.Quando oramos ao Pai, estamos emcomunhão com Elee com o seu Filho Jesus Cristo (26). É então que O reconhecemos num encantamento sempre novo. A primeira palavra da oração do Senhor é uma bênção de adoração, antes de ser uma súplica. Porque a glória de Deus é que nós O reconheçamos como «Pai», Deus verdadeiro. Damos-Lhe graças por nos ter revelado o seu nome, por nos ter dado a graça de acreditar n'Ele, de sermos habitados pela sua presença.

Parágrafo 2782

2782.Nós podemos adorar o Pai porque Ele nos fez renascer para a sua vidaadoptando-nospor seus filhos no seu Filho Único: pelo Baptismo, incorpora-nos no corpo do seu Cristo; e pela Unção do seu Espírito, que da Cabeça se derrama pelos membros, faz de nós «cristos»:

«Deus, que nos predestinou para a adopção de filhos, tornou-nos conformes ao corpo glorioso de Cristo. Doravante, pois, participantes de Cristo, sois com todo o direito chamados "cristos"» (27). «O homem novo, que renasceu e foi restituído ao seu Deus pela graça, começa por dizer, "Pai!", porque se tornou filho» (28).

Parágrafo 2783

2783.Deste modo, pela oração do Senhor, nós somosrevelados a nós próprios,ao mesmo tempo que nos é revelado o Pai (29):

«Ó homem, tu não ousavas levantar o teu rosto para o céu, baixavas os teus olhos para a terra, e de repente recebeste a graça de Cristo: todos os pecados te foram perdoados, de mau servo tornaste-te bom filho [...]. Portanto, ergue os olhos para o Pai que te resgatou pelo seu Filho e diz: Pai nosso [...]. Mas não reivindiques para ti algo de especial. Só de Cristo é que Ele é Pai de modo especial, de todos nós é Pai em comum; porque só a Ele gerou, ao passo que a nós, criou-nos. Portanto, por graça, diz também tu "Pai nosso", para mereceres ser filho» (30).

Parágrafo 2784

2784.Estedom gratuito da adopção exige da nossa parte uma conversão contínua e umavida nova.Orar ao nosso Pai deve desenvolver em nós duasdisposições fundamentais:O desejo e a vontade de nos parecermos com Ele.Criados à sua imagem, é pela graça que a semelhança nos é restituída e a ela devemos corresponder.

«Devemos lembrar-nos de que, quando chamamos a Deus «Pai nosso», temos de nos comportar como filhos de Deus» (31). «Vós não podeis chamar vosso Pai ao Deus de toda a bondade se conservardes um coração cruel e desumano; porque, nesse caso, já não tendes a marca da bondade do Pai celeste» (32). «Devemos contemplar incessantemente a beleza do Pai e impregnar dela a nossa alma» (33)

Parágrafo 2785

2785.Um coração humilde e confianteque nos faça «voltar ao estado de crianças»(Mt18, 3):porque é aos «pequeninos» que o Pai Se revela(Mt11, 25):

É um estado «que se forma contemplando a Deus somente, com o ardor da caridade. Nele, a alma funde-se e abisma-se em santa dilecção e trata com Deus como com o seu próprio Pai, muito familiarmente, numa ternura de piedade muito particular» (34). «Pai nosso – que haverá de mais querido para os filhos do que o pai? – Este nome suscita em nós ao mesmo tempo o amor, o afecto na oração, [...] e também a esperança de obter o que vamos pedir [...]. De facto, que pode Ele recusar à súplica dos seus filhos, quando já previamente lhes permitiu que fossem filhos seus?» (35).

Parágrafo 2789

2789.Rezando ao «nosso» Pai, é ao Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que nós nos dirigimos pessoalmente. Não dividimos a divindade, pois que o Pai é a sua «fonte e origem», mas confessamos desse modo que o Filho é por Ele gerado eternamente e que d'Ele procede o Espírito Santo. Também não confundimos as Pessoas, pois confessamos que a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo no seu único Espírito Santo. ASantíssima Trindadeé consubstancial e indivisível. Quando rezamos ao Pai, adoramo-Lo e glorificamo-Lo com o Filho e o Espírito Santo.


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