51. Porque é importante afirmar: «No princípio criou Deus o céu e a terra» (Gn 1,1)?

Porque a Criação é o fundamento de todos os projectos divinos de salvação; manifesta o amor omnipotente e sapiente de Deus; é o primeiro passo para a Aliança do Deus único com o seu povo; é o início da história da salvação que culmina em Cristo; é uma primeira resposta às questões fundamentais do homem acerca da sua própria origem e do seu fim.


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Parágrafo 279

279.«No princípio, Deus criou o céu e a terra»(Gn1, 1). É com estas palavras solenes que começa a Sagrada Escritura. E o Símbolo da fé retoma-as, confessando a Deus, Pai todo-poderoso, como «Criador do céu e da terra» (101), «de todas as coisas, visíveis e invisíveis» (102). Vamos, portanto, falar primeiro do Criador, depois da sua criação, e, finalmente, da queda do pecado, de que Jesus, Filho de Deus, nos veio Libertar.

Parágrafo 280

280.A criação é ofundamentode «todos os desígnios salvíficos de Deus», «o princípio da história da salvação» (103), que culmina em Cristo. Por seu lado, o mistério de Cristo derrama sobre o mistério da criação a luz decisiva; revela o fim, em vista do qual «no princípio Deus criou o céu e a terra»(Gn1, 1): desde o princípio, Deus tinha em vista a glória da nova criação em Cristo (104).

Parágrafo 281

281.É por isso que as leituras da Vigília Pascal, celebração da nova criação em Cristo, começam pela narrativa da criação. Do mesmo modo, na liturgia bizantina, a narrativa da criação constitui sempre a primeira leitura das vigílias das grandes festas do Senhor. Segundo o testemunho dos antigos, a instrução dos catecúmenos para o Baptismo segue o mesmo caminho (105).

Parágrafo 282

282.A catequese sobre a criação reveste-se duma importância capital. Diz respeito aos próprios fundamentos da vida humana e cristã, porque torna explícita a resposta da fé cristã à questão elementar que os homens de todos os tempos têm vindo a pôr-se: «De onde vimos?» «Para onde vamos?» «Qual a nossa origem?» «Qual o nosso fim?» «Donde vem e para onde vai tudo quanto existe?» As duas questões, da origem e, do fim, são inseparáveis. E são decisivas para o sentido e para a orientação da nossa vida e do nosso proceder.

Parágrafo 283

283.A questão das origens do mundo e do homem tem sido objecto de numerosas investigações científicas, que enriqueceram magnificamente os nossos conhecimentos sobre a idade e a dimensão do cosmos, a evolução dos seres vivos, o aparecimento do homem. Tais descobertas convidam-nos, cada vez mais, a admirar a grandeza do Criador e a dar-Lhe graças por todas as suas obras, e pela inteligência e saber que dá aos sábios e investigadores. Estes podem dizer com Salomão: «Foi Ele quem me deu a verdadeira ciência de todas as coisas, a fim de conhecer a constituição do Universo e a força dos elementos [...], porque a Sabedoria, que tudo criou, mo ensinou» (Sb7, 17-21).

Parágrafo 284

284.O grande interesse atribuído a estas pesquisas é fortemente estimulado por uma questão de outra ordem, que ultrapassa o domínio próprio das ciências naturais. Porque não se trata apenas de saber quando e como surgiu materialmente o cosmos, nem quando é que apareceu o homem; mas, sobretudo, de descobrir qual o sentido de tal origem: se foi determinada pelo acaso, por um destino cego ou uma fatalidade anónima, ou, antes, por um Ser transcendente, inteligente e bom, chamado Deus. E se o mundo provém da sabedoria e da bondade de Deus, qual a razão do mal? De onde vem ele? Quem é por ele responsável? E será que existe uma libertação do mesmo?

Parágrafo 285

285.Desde os princípios que a fé cristã teve de defrontar-se com respostas, diferentes da sua, sobre a questão das origens. De facto, nas religiões e nas culturas antigas encontram-se muitos mitos relativos às origens. Certos filósofos disseram que tudo é Deus, que o mundo é Deus, ou que a evolução do mundo é a evolução de Deus (panteísmo): outros disseram que o mundo é uma emanação necessária de Deus, brotando de Deus como duma fonte e a Ele voltando; outros, ainda, afirmaram a existência de dois princípios eternos, o bem e o mal, a luz e as trevas, em luta permanente (dualismo, maniqueísmo). Segundo algumas destas concepções, o mundo (pelo menos o mundo material) seria mau, produto duma decadência e, portanto, objecto de repúdio ou de superação (gnose); outras admitem que o mundo tenha sido feito por Deus, mas à maneira dum relojoeiro que, depois de o ter feito, o abandonou a si mesmo (deísmo); outras, finalmente, rejeitam qualquer origem transcendente do mundo e vêem nele o puro jogo duma matéria que teria existido sempre (materialismo). Todas estas tentativas dão testemunho da permanência e universalidade do problema das origens. É uma busca própria do homem.

Parágrafo 286

286.Não há dúvida de que a inteligência humana é capaz de encontrar uma resposta para a questão das origens. Com efeito, a existência de Deus Criador pode ser conhecida com certeza pelas suas obras, graças à luz da razão humana (106), mesmo que tal conhecimento muitas vezes seja obscurecido e desfigurado pelo erro. E é por isso que a fé vem confirmar e esclarecer a razão na compreensão exacta desta verdade: «Pela fé, sabemos que o mundo foi organizado pela palavra de Deus, de modo que o que se vê provém de coisas invisíveis»(Heb11, 3).

Parágrafo 287

287.A verdade da criação é tão importante para toda a vida humana que Deus, na sua bondade, quis revelar ao seu povo tudo quanto é salutar conhecer-se a esse propósito. Para além do conhecimento natural, que todo o homem pode ter do Criador (107), Deus revelou progressivamente a Israel o mistério da criação. Deus, que escolheu os patriarcas, que fez sair Israel do Egipto e que, escolhendo Israel, o criou e formou (108) revela-Se como Aquele a quem pertencem todos os povos da terra e toda a terra, como sendo o único que «fez o céu e a terra»(Sl115, 15; 124, 8; 134, 3).

Parágrafo 288

288.Assim, a revelação da criação é inseparável da revelação e da realização da Aliança de Deus, o Deus Único, com o seu povo. A criação é revelada como o primeiro passo para esta Aliança, como o primeiro e universal testemunho do amor omnipotente de Deus (109). Por isso, a verdade da criação é expressa com vigor crescente na mensagem dos profetas (110), na oração dos salmos (111) e da liturgia, na reflexão da sabedoria (112) do Povo eleito.


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