Páscoa

Entenda o Significado da Páscoa na Bíblia: da Libertação do Egito para a Nova Aliança

A Páscoa é um dos feriados mais importantes para os cristãos, pois comemora a morte e ressurreição de Jesus Cristo. Mas o significado da Páscoa tem raízes muito mais antigas na Bíblia, onde se refere à passagem do povo de Israel do Egito para a liberdade. Neste artigo, vamos explorar as referências bíblicas à Páscoa e como ela se relaciona com a nova aliança estabelecida por Jesus.

– “Páscoa” deriva do Latim (Pascha), do Grego antigo (Paskha) e do Hebraico (Pessach ou Pesah = passagem). Inicialmente indicava a passagem do Senhor pelas casas dos judeus, ainda no Egito, para libertá-los (Ex 12,23.27). Em seguida, passou a se referir à passagem do povo da escravidão do Egito para a libertação, através do Mar Vermelho. Assim, Deus os salvou da “morte” – termo que resume em si todo o sofrimento do cativeiro e do trabalho escravo –, para libertá-los para a “vida”, conduzindo-os, sãos e salvos, até o deserto de Sur (Ex 15,22). O Senhor ordenou que o povo sempre fizesse memória desse acontecimento, o mais importante do Antigo Testamento:

Dt 16,1: No mês das espigas, cuida de celebrar a Páscoa em honra do Senhor, teu Deus, porque foi nesse mês que ele te fez sair do Egito, durante a noite.

Lv 23,5: No dia catorze do primeiro mês, entre as duas tardes, é a Páscoa do Senhor. E no dia quinze do mesmo mês, é a festa dos Pães sem Fermento, em honra do Senhor: comereis pães sem fermento durante sete dias.

– Jesus celebrou sua última Ceia Pascal com seus discípulos e lhes fez uma revelação. Iria ser uma ceia pascal diferente das anteriores:

Lc 22,15: Desejei ardentemente comer com vocês esta ceia pascal, antes de sofrer.

Mt 26,1: Quando Jesus acabou todos esses discursos, disse a seus discípulos: “Sabeis que daqui a dois dias será a Páscoa, e o Filho do Homem será traído para ser crucificado”.

Jo 2,13: Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém.

– Os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas narram basicamente a mesma coisa: Jesus tomou o pão e, após benzê-lo, o deu a seus discípulos, dizendo:

Mt 26,26-28; Mc 14,22-25; Lc 22,19-20: “Tomai e comei, isto é o meu Corpo que é dado por vós”. Em seguida, tomou o cálice e, depois de ter dado graças, o deu a eles, dizendo: “Este é o meu Sangue da nova Aliança, derramado por vós”.

Mc 14,1: Ora, dali a dois dias seria a festa da Páscoa e dos (pães) ázimos.

Mc 14,12: No primeiro dia dos Ázimos, em que se imolava a Páscoa, perguntaram-lhe os discípulos: “Onde queres que preparemos a refeição da Páscoa?”.

Lc 22,1: Aproximava-se a festa dos pães sem fermento, chamada Páscoa.

– Paulo descreveu a Instituição da Eucaristia de modo parecido ao dos evangelistas, mas acrescentou o mandamento de Jesus: “Fazei isto em memória de mim”. “Fazer memória” é atualizar, tornar presente aquilo que Jesus realizou de modo ritual na última ceia e de modo real na cruz”. “Aquela ceia, portanto, nos moldes como Jesus celebrou, não era um fato a encerrar-se no passado. Era, sim, o primeiro elo de uma cadeia de celebrações que haveriam de realizar-se em todos os tempos e lugares nas comunidades cristãs”. (MISSA entenda e participe. Pe. Luiz Miguel Duarte. Paulus, 2010 –3ª edição, pp.: 12,13). Dessa forma, Jesus deu um novo sentido à Pascoa judaica. De agora em diante, para os cristãos, a Páscoa significaria a passagem da Morte de Cristo para a Vida de sua Ressurreição, ou, em termos de espiritualidade, a passagem do pecado para a Graça de Deus.

– A tradição religiosa de Israel em um determinado momento uniu a Festa dos Ázimos com a Festa da Páscoa. Eram duas festividades que evidentemente não são originárias de Israel, mas sim de antiquíssimas tribos seminômades dedicadas ao pastoreio e de outras tribos sedentárias, dedicadas ao cultivo de cereais, que celebravam um antigo rito no início da nova colheita. Páscoa e Ázimos unem-se em Israel com um novo referencial: o gesto libertador do Senhor em favor de seu povo. Ambas as festas envolvem, em suas origens, algum sentido religioso: libertar pessoas e gado das más influências; os agricultores, por sua vez, esperavam que a próxima colheita fosse também libertada de toda influência negativa, como seca, ladrões, queimadas etc. “Na Páscoa, segundo o ritual judaico, fazia-se desaparecer todo o pão fermentado que se encontrasse em casa (Ex 12,15), imolava-se o cordeiro pascal (Ex 12,6) e comiam-se pães sem fermento (Ex 12,18-20). Tais ritos preparavam simbolicamente o mistério cristão: Por seu sacrifício, Cristo, o verdadeiro Cordeiro Pascal, destruiu o antigo fermento do pecado e tornou possível uma vida santa e pura, simbolizada pelo pão sem fermento”. (Comentários da Bíblia de Jerusalém. Paulus, 2004).

– O Apóstolo Paulo foi o primeiro a associar o termo Páscoa à morte e Ressurreição de Jesus:

1Cor 5,7-8: “Purificai-vos do velho fermento para que sejais a massa nova, porque sois pães ázimos, porquanto Cristo, nossa Páscoa, foi imolado. Celebremos, pois, a festa, não com o fermento velho nem com o fermento da malícia e da corrupção, mas com os pães não fermentados de pureza e de verdade”.

Em resumo, a Páscoa é um feriado que tem raízes tanto na história da libertação do povo de Israel do Egito quanto na nova aliança estabelecida por Jesus. Na Bíblia, encontramos diversas referências à Páscoa, desde as ordens de Deus para que o povo sempre se lembrasse do acontecimento até a revelação de Jesus aos seus discípulos durante a última Ceia Pascal. A celebração da Páscoa nos lembra da liberdade que temos através do sacrifício de Jesus e nos incentiva a fazer memória desse acontecimento.


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