Evangelho do dia – domingo, 7 de abril de 2024 – João 20,19-31 – Bíblia Católica

Primeira Leitura (At 4,32-35)

Leitura dos Atos dos Apóstolos:

A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava como próprias as coisas que possuía, mas tudo entre eles era posto em comum. Com grandes sinais de poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. E os fiéis eram estimados por todos.

Entre eles ninguém passava necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas, vendiam-nas, levavam o dinheiro, e o colocavam aos pés dos apóstolos. Depois, era distribuído conforme a necessidade de cada um.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.



Segunda Leitura (1Jo 5,1-6)

Leitura da Primeira Carta de São João:

Caríssimos: Todo o que crê que Jesus é o Cristo, nasceu de Deus, e quem ama aquele que gerou alguém, amará também aquele que dele nasceu.

Podemos saber que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Pois isto é amar a Deus: observar os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados, pois todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé.

Quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? Este é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo. (Não veio somente com a água, mas com a água e o sangue.) E o Espírito é que dá testemunho, porque o Espírito é a Verdade.

– Palavra do Senhor.

– Graças a Deus.

Anúncio do Evangelho (Jo 20,19-31)

— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo segundo São João.

— Glória a vós, Senhor.

Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”.

Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”.

E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”.

Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!” Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”.

Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”.

Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”

Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e, para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.



Refletindo a Palavra de Deus

Caríssimos irmãos e irmãs em Cristo,

Que a paz do Senhor esteja convosco! Hoje, gostaria de iniciar nossa reflexão com uma pergunta: quantas vezes nos sentimos como os discípulos trancados no cenáculo, com medo de enfrentar o mundo lá fora? Quantas vezes nos fechamos em nossas próprias preocupações e inseguranças, deixando de vivenciar plenamente a alegria e a liberdade que Cristo nos oferece?

A passagem bíblica que nos foi proclamada do livro dos Atos dos Apóstolos nos mostra um exemplo inspirador da vida em comunidade, onde todos os fiéis eram um só coração e uma só alma. Eles compartilhavam tudo o que tinham, de forma que não havia necessitados entre eles. Essa comunhão de bens refletia a profunda união que tinham com Cristo e uns com os outros.

Essa mensagem ressoa em nossos corações hoje. Vivemos em um mundo marcado pela individualidade, pela competição e pelo consumismo desenfreado. Mas a Palavra de Deus nos convida a viver de maneira diferente, a construir uma comunidade onde todos se sintam amados e acolhidos. Somos chamados a partilhar nossos dons e recursos, a estender a mão aos mais necessitados e a sermos verdadeiramente irmãos uns dos outros.

A leitura da Primeira Carta de João também nos traz uma importante lição. O apóstolo nos diz que todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é gerado por Deus e vence o mundo. A fé em Cristo nos dá a vitória sobre todas as adversidades e nos faz participantes da vida divina. E como manifestamos essa fé? Através do amor.

O amor é a marca distintiva dos discípulos de Cristo. Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo é o mandamento que o Senhor nos deixou. É através do amor que nos tornamos semelhantes a Deus e testemunhamos Sua presença no mundo. O amor é a força que nos impulsiona a superar barreiras, a perdoar, a estender a mão aos necessitados e a construir uma sociedade mais justa.

No entanto, sabemos que amar nem sempre é fácil. Há momentos em que somos desafiados a perdoar aqueles que nos magoaram, a acolher aqueles que são diferentes de nós e a cuidar dos que estão em situação de vulnerabilidade. Por isso, a passagem do Evangelho de João nos traz grande conforto.

Nela, vemos os discípulos trancados no cenáculo, cheios de medo. Mas Jesus aparece no meio deles e lhes mostra suas mãos e seu lado, sinais das marcas da crucificação. Ele lhes diz: “A paz esteja convosco!” e sopra sobre eles o Espírito Santo. Jesus oferece a eles a paz e os envia em missão para perdoar pecados.

Essa paz que Jesus nos oferece é muito mais profunda do que a ausência de conflitos externos. É uma paz interior que vem do encontro com o Ressuscitado, do reconhecimento de seu amor incondicional, da certeza de que Ele está presente em nossa vida, mesmo nos momentos mais difíceis.

Assim como Tomé, que inicialmente duvidou da ressurreição de Jesus, muitas vezes também duvidamos. Duvidamos de que Deus possa nos perdoar, de que Ele possa nos amar apesar de nossas fragilidades. Mas Jesus nos diz: “Não sejas incrédulo, mas fiel!”

Queridos irmãos e irmãs, a mensagem central dessas passagens bíblicas é que somos chamados a viver em comunhão, a manifestar nossa fé através do amor e a experimentar a paz que só Cristo pode nos dar. Mas como podemos aplicar esses princípios em nossa vida cotidiana?

Permitam-me compartilhar uma história que ilustra esses princípios. Havia uma pequena comunidade cristã em uma cidade, e seus membros decidiram se unir para ajudar os mais necessitados. Cada pessoa contribuía com o que podia: alguns doavam alimentos, outros ofereciam seu tempo para visitar os doentes, outrosse dispunham a ensinar as crianças. Eles não apenas compartilhavam seus recursos materiais, mas também cultivavam um ambiente de amor e acolhimento, onde todos se sentiam valorizados e cuidados.

Um dia, um jovem chamado Lucas se juntou a essa comunidade. Ele estava passando por dificuldades financeiras e emocionais, e estava à beira da desesperança. Mas ao entrar naquela comunidade, ele foi recebido de braços abertos. As pessoas o acolheram com carinho, compartilharam suas histórias de vida e ofereceram ajuda prática.

Lucas experimentou o amor de Deus através daqueles irmãos e irmãs. Ele percebeu que não estava sozinho em sua luta e que havia uma força maior que o sustentava. Com o tempo, ele também começou a contribuir com seus dons e talentos, ensinando música para as crianças da comunidade.

Essa história nos mostra que a vivência da fé vai além das palavras e das boas intenções. É preciso agir, colocar em prática aquilo que acreditamos. É através das nossas ações concretas de amor e serviço que testemunhamos o poder transformador do Evangelho.

Queridos irmãos e irmãs, convido cada um de vocês a refletir sobre como podemos viver esses princípios em nossa vida diária. Talvez seja doando parte de nosso tempo para ajudar uma instituição de caridade, visitando um doente, ou simplesmente sendo mais atentos às necessidades dos que nos rodeiam.

Lembrem-se de que pequenos gestos de bondade podem ter um impacto significativo na vida de alguém. Um sorriso, uma palavra de encorajamento, um gesto de perdão, tudo isso pode fazer a diferença na vida de uma pessoa. E quando nos unimos em comunidade, multiplicamos o poder do amor e da solidariedade.

Que tal estabelecer um compromisso pessoal de praticar uma ação concreta de amor por dia? Pode ser algo simples, como enviar uma mensagem de apoio a alguém que esteja passando por um momento difícil, ou ajudar um vizinho com uma tarefa doméstica. Pequenos atos de amor podem iluminar o mundo ao nosso redor.

E quando enfrentarmos momentos de dúvida e incerteza, lembremos das palavras de Jesus a Tomé: “Não sejas incrédulo, mas fiel!” Tenhamos fé na presença constante de Cristo em nossas vidas, mesmo quando não O vemos. Ele está ao nosso lado, oferecendo-nos Sua paz e Sua graça para superar qualquer obstáculo.

Que a comunhão de corações e almas, o amor manifestado em nossas ações e a paz de Cristo sejam uma realidade em nossa vida e em nossa comunidade. Que possamos ser testemunhas vivas do amor de Deus, irradiando esperança e transformando o mundo ao nosso redor.

Que o Espírito Santo nos guie e fortaleça em nossa jornada de fé. Que Ele nos conceda a coragem e a generosidade para vivermos como verdadeiros discípulos de Cristo. E que a graça e o amor de nosso Senhor Jesus Cristo estejam sempre conosco, hoje e sempre.

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.


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