Exércitos

Javé, o Senhor dos Exércitos: Entendendo a representação divina na história de Israel

Na história de Israel, a figura de Javé é frequentemente associada ao título de Senhor dos Exércitos. Este artigo examina como essa representação divina se desenvolveu ao longo da história bíblica, desde a promessa da Terra Prometida até o exílio e o crescimento da vida religiosa entre o povo de Israel.

– Um dos atributos dados a Javé no AT era o de Senhor dos Exércitos, principalmente na época dos reis:

1Cr 11,9: Davi tornou-se cada vez mais poderoso e o Deus dos exércitos estava com ele.

1Cr 17,24: Então vosso nome será eternamente exaltado. Dirão: “O Senhor dos exércitos é o Deus de Israel”.

Sl 46,7: Cantai à glória de Deus, cantai; cantai à glória de nosso rei, cantai.

Is 14,27: O Senhor dos exércitos decidiu, quem mudará sua sentença? Sua mão está estendida, quem o fará retirá-la?

Zc 2,9: Eu mesmo – oráculo do Senhor – serei para ela um muro de fogo que a cercará; serei no meio dela a sua glória.

– Desde a promessa da Terra Prometida até sua efetiva ocupação, as lutas foram constantes:

Ex 6,7-8: Eu vos tomarei para meu povo e serei o vosso Deus, e sabereis que eu sou o Senhor, vosso Deus.

Js 3,10: Sabereis que o Deus vivo está no meio de vós, e que ele expulsará de diante de vós os cananeus.

– O pensamento guerreiro atribuído a Javé desvaneceu-se quando os reinos de Judá e de Israel foram devastados e seus habitantes foram deportados:

2Rs 17,6: O rei da Assíria apoderou-se de Samaria e deportou os israelitas para a Assíria.

2Rs 24,12-13: Joaquin, rei de Judá, foi ter com o rei da Babilônia […] E o rei da Babilônia o prendeu.

2Rs 25,11-12: Nabuzardã, chefe da guarda, deportou para Babilônia o que restava da população da cidade.

Jr 39,9-10: Nebuzardã, chefe dos guardas, deportou para Babilônia o que restava da população da cidade.

Ez 1,1-2: Quando me encontrava entre os deportados, às margens do rio Cobar, abriram-se os céus.

Am 5,27: Eu vos deportei para além de Damasco, diz o Senhor que se chama Deus dos exércitos.

– Após o exílio, os profetas fizeram o povo ver que a causa da destruição de seus reinos tinha sido a infidelidade a Javé, e, dessa

maneira, começou a crescer entre eles a vida mais religiosa:

Es 9,6: Meu Deus; porque as nossas iniquidades acumularam-se sobre nossas cabeças e nosso pecado chegou até o céu.

Ne 1,6: Pelos filhos de Israel, vossos servos, confessando os pecados que nós, os israelitas, cometemos contra vós.

Ne 9,16-26: Mas os nossos pais, em seu orgulho, endureceram a cerviz e não observaram os vossos mandamentos.

Jr 31,19: Após haver errado, arrependi-me, e ao compreender feri-me a coxa. Sinto-me envergonhado.

Br 1,15–2,35: O Senhor, nosso Deus, é justo. Nós, porém, devemos, hoje, corar de vergonha.

Dn 9,5: Nós pecamos […] desviamo-nos de vossos mandamentos e de vossas leis.

– A esperança foi sendo alimentada com a promessa dos tempos messiânicos, quando haveria paz e justiça para todos:

Is 42,6: Eu, o Senhor, chamei-te realmente […] eu te formei e designei para ser a aliança com os povos.

Is 45,14: Os pobres do Egito […] os de elevada estatura de Sabaim, passarão para a tua terra e serão teus.

Is 49,6: Vou fazer de ti a luz das nações, para propagar minha salvação até os confins do mundo.

Ao longo da história de Israel, o papel de Javé como Senhor dos Exércitos evoluiu de uma figura guerreira para uma representação mais espiritual. Após o exílio, os profetas fizeram o povo ver que a causa da destruição de seus reinos tinha sido a infidelidade a Javé, e, dessa maneira, começou a crescer entre eles a vida mais religiosa.


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